Conceito de verdade


 

 

Filosofia

O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.

Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo".

 

Mas para a filosofia de René Descartes a certeza é o critério da verdade.

Quem concorda sinceramente com uma frase está se comprometendo com a verdade da frase. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.

Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.

 

Os filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável.

A refutação do relativismo, segundo Tomás de Aquino, baseia-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece porque, se uma pessoa declara que "todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa, então, ela se auto-refuta pois é uma verdade sobre relativismo que não é relativa. Se a declaração é relativa, conclui-se que a declaração "todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa.

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Verdade


 

Prof. Eduardo mostra as definições de verdade de acordo com Jean Paul Sartre, Foucault, Nietzsche e Husserl

Você sabe o que é o conceito de verdade? Sabe qual é a interpretação que a Filosofia faz sobre esse tema? Primeiramente, note que não estamos usando o artigo definido “a” (a verdade é simplesmente verdade). Hoje, vamos contar com a ajuda do prof. Eduardo para entender o que é (ou pode ser) verdade.

Para descobrir o que é “verdade” para a Filosofia, precisamos primeiro encontrar o que entendemos como verdade. O prof. Eduardo explica que esse conceito passa por um processo utilitário.

Estabelecemos verdade através de um sistema de valores. Esse sistema de valores passa necessariamente pelo conjunto ético e moral de uma sociedade. Por sua vez, esse conjunto ético e moral de uma civilização, de uma família ou de um indivíduo se constitui na verdade que eles encontraram.

Por isso que existe um choque muito forte entre o relativismo moral e o dogmatismo.

 

Verdade

O relativismo moral faz com que verdade seja algo vinculado à moral daquele grupo. Por exemplo, uma sociedade indígena possui princípios éticos que permitem a prática do infanticídio. Se nascer o terceiro filho e não existir alguém que possa se responsabilizar pela criança, ela será morta. Isso acontece porque, se houver alguma invasão na tribo e todos precisarem fugir, o pai conseguirá carregar apenas um filho e a mãe, outro.

Essa é a verdade para aquele grupo. Outras pessoas com princípios e valores diferentes não vão aceitar essa verdade. Alguns dirão que é preciso intervir, outros dirão que faz parte da cultura e não há o que fazer. Nota-se claramente o relativismo moral.

 

Verdade absoluta

Já o dogmatismo é a verdade em caráter absoluto. Ele apresenta uma série de princípios e valores que são indiscutíveis. Podemos destacar como exemplo as religiões.

– Mas professor, você está falando que existe verdade absoluta e não existe uma “verdade absoluta”.

“Então você acabou de criar uma verdade absoluta: a que não existe uma verdade absoluta. Viu só como é um assunto complexo?”, provoca ele.

 

Verdade absoluta

No contraponto a esse relativismo e dogmatismo, a Filosofia – e o pensamento ocidental contemporâneo – começou a questionar essas tradições. Foi então que começaram a surgir ideias e pensamentos diferentes. Conheça o que é a verdade para Husserl, Jean Paul Sartre, Nietzsche e Foucault

 

Edmund Husserl (1859 – 1938)

O filósofo alemão Husserl vai dizer que a verdade se dá através dos fenômenos que são observáveis, perceptíveis e sensíveis. “Chamamos isso de fenomenologia”, afirma o professor Eduardo.

 

Jean-Paul Jean Paul Sartre (1905 – 1980)

O filósofo francês Jean Paul Sartre, no contexto do final da 2ª Guerra Mundial, vai levar em conta o existencialismo. Para ele, a verdade está na essência do indivíduo, ela é resultado dos valores de uma sociedade.

O prof. Eduardo explica que uma frase atribuída a ele diz muito sobre sua visão de mundo. Para Jean Paul Sartre, não importa o que você é, importa você saber o que fazer com aquilo que fizeram de você.

 

Friedrich Nietzsche (1844 – 1900)

Nietzsche, nascido na Alemanha, faz uma crítica forte ao pensamento clássico – ao mundo das ideias, de Platão e Sócrates. Ele vai defender que a verdade não existe.

 

Michel Foucault (1926 – 1984)

O contemporâneo francês Foucault vai dizer que para ser verdade, ela precisa ser livre (totalmente). Ela não pode estar vinculada a uma institucionalização porque, desta forma, a verdade será manipulada, gerando constrangimentos e formas de comportamento.

FONTE: https://www.stoodi.com.br/blog/filosofia/o-que-e-o-conceito-de-verdade-para-filosofia/


 

Verdade

Do latim "veritas, veritatis", com o mesmo sentido. Podemos distinguir duas acepções fundamentais do termo. A primeira é a acepção epistemológica, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa, e se opõe ao erro. A segunda é a acepção moral, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a sua expressão manifestativa e, nesse sentido, se opõe à mentira.

A verdade moral é a adequação entre aquilo que se percebe da coisa, do fato em si, e aquilo que a respeito dele, se manifesta por qualquer sinal expressivo: o gesto, a palavra escrita ou oral. Quando digo da coisa exatamente aquilo que percebo, posso estar em erro, se minha percepção não foi exata, mas não cometo uma mentira.

Esta consiste exatamente em falsear propositadamente a identidade da mente e do sinal que a exprime. Como a verdade epistemológica é a base de toda a Filosofia, de toda a vida do conhecimento, a verdade moral é a base de toda a vida social do relacionamento humano. Nenhum sistema e nenhuma relação humana podem subsistir, seja na família, na profissão, como na sociedade, se o valor da verdade é posto em problema, se a mentira é aceita como meio para atingir qualquer objetivo.

A mentira nunca compensa, e o mentiroso acabará, mais cedo ou mais tarde, por ser desmoralizado e repudiado por uma sociedade feita de homens que, para se comunicarem entre si, são obrigados a usar sinais e símbolos. O termo verdade é também usado como significação fundamental da vida humana. É o sentido que recebe, por exemplo, a expressão: descobrir a verdade, que corresponde a uma vivência bem concreta. Na dispersão das atividades que absorvem o nosso dinamismo vital, um dia o homem percebe que o tempo passa, e que ele está embarcado num movimento irreversível que o aproxima irremediavelmente de um fim. Neste momento, ele se interroga sobre o sentido fundamental da vida.

Se ele não descobre esse sentido, será cada vez mais abatido pelo tédio ou amargurado pelas decepções. Descobrir a verdade é entender esse sentido, pelo qual ele adquire a certeza inabalável de que a vida vale a pena de ser vivida, e a segurança de que poderá enfrentar o vim com serenidade. (1)

 

Valor de verdade. Na lógica clássica uma proposição pode ser verdadeira ou falsa. No primeiro caso, diz-se que assume o valor de verdade Verdadeiro, no segundo que assume o valor de verdade Falso. A ideia que está por detrás do termo consiste na analogia entre a atribuição de um destes valores a uma variável proposicional (tal como se faz quando se oferece uma interpretação para uma fórmula do cálculo proposicional) e a atribuição de um objeto como o valor de qualquer outra variável. As lógicas com valores de verdade intermediários são chamadas de lógicas polivalentes. (3)

 

Verdadeiro. Diz-se daquilo que corresponde à verdade, à realidade, ao existente e como tal se impõe à aceitação. Real, evidente. Ex.: juízo verdadeiro. Autêntico, sincero. Ex.: o verdadeiro motivo, o verdadeiro patriota. “Jamais aceitar coisa alguma como verdadeira que não a conhecesse evidentemente como tal” (Descartes, Discurso do Método). Ver verdade. Oposto a falso. (4)

 

Verdades Primeiras. São proposições ou enunciados considerados evidentes e indemonstráveis. Exemplo: "O todo é maior que suas partes". Sinônimo de princípio ou axioma. A "verdade primeira" de alguém ou de algum grupo frequentemente designa uma opinião ou um preconceito que não se submete ao questionamento. (4)

 

Verdades eternas. Designam, na filosofia escolástica, princípios que constituem as leis absolutas dos seres e da razão, emanadas da vontade divina e que o homem pode descobrir pelo pensamento. Exemplo: numa figura de três lados retos, a soma dos ângulos internos é igual a dois ângulos retos; pouco importando se tal figura existe ou não fora do nosso espírito. (4)

 

Verdades eternas. A noção de "verdades eternas", tal como admitida e usada por vários pensadores pode ser remontada a Platão, mas é mais apropriado começar com Filon e, ainda mais propriamente, com Santo Agostinho. Com efeito, podem-se distinguir a noção de "verdades eternas" e outras noções afins como as de "noções comuns", "ideias inatas", "axiomas", "fatos primitivos", princípios evidentes" etc. — todas as quais, além disso, se distinguem entre si. Todas estas noções, incluindo portanto a de "verdades eternas" têm em comum pressuporem que existe uma série de proposições, princípios, "verdades" etc., inabaláveis, absolutamente certos, "universais". Mas a noção de "verdades eternas", pelo menos tal como usada e formulada na expressão latina veritates aeternae, tem, além disso, uma conotação que não se encontra, ou na se encontra sempre, nas outras: a de referir-se a proposições ou princípios imutáveis, necessários, e sempre (ou melhor, eternamente) certos não só porque são evidentes por si mesmos, como também, e sobretudo, porque essa verdade é garantida pela Verdade, ou pela fonte de toda a verdade, isto é, Deus. A noção de "verdades eternas" se parece, pois, mais com a de "razões seminais", muito embora nem sempre coincida exatamente com esta última. (5)

 

Verdade eterna. Todas são. É um pleonasmo, portanto, mas útil pelo que ressalta. O que é verdade hoje continuará a sê-lo amanhã, senão não seria hoje. Há três árvores no campo: verdade eterna. Daqui a dez mil anos, essas árvores já não estarão lá, nem o campo, provavelmente; mas continuará sendo verdade que estiveram. Assim, a eternidade é o que distingue o verdadeiro do real (ou o tempo, o que distingue o real do verdadeiro). Pois o real muda, no tempo: três árvores, um campo; depois mais nenhuma árvore, mais nenhum campo... Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio real. Mas que uma vez nos banhamos, será eternamente verdade. Os homens passam, e os rios, e o real... A verdade não passará. O verdadeiro é, assim, a eternidade do real (é por isso que coincidem no presente ): é o real sub especie aerternitatis. Até dá vontade de dizer: e o real, a imagem móvel do verdadeiro. Mas já seria encerrar-se no platonismo. O que cumpre entender aqui, e que é a grande dificuldade, é que o verdadeiro e o real são, na realidade (na verdade), a mesma coisa: porque o tempo nada mais é que o presente, que é a própria eternidade. (6)

 

Verdade. A palavra "verdade" designa uma família de conceitos mutuamente irredutíveis (não interdefiníveis). Distingamos as seguintes verdades: formal, fatual, moral e artística. a. Formal — Uma fórmula em matemática abstrata (e.g, teoria dos conjuntos, topologia geral e teoria dos grupos) é formalmente verdadeira se e somente se puder ser satisfeita em algum domínio (ou sob alguma interpretação). b. Fatual — A verdade fatual tem sido tradicionalmente caracterizada como a adequação ou o ajustamento de ideias à realidade. Isto não é uma definição e muito menos uma teoria, porém tão-somente uma descrição metafórica. Em acréscimo a uma definição ou a uma teoria do conceito de verdade como correspondência, necessitamos de um critério de verdade, isto é, de uma regra para decidir se uma dada proposição fatual é verdadeira ou falsa (completamente ou em alguma extensão). c. Verdade moral — Esse conceito tem sentido no contexto do realismo moral. Por exemplo, "A opressão e a exploração são malévolos" é uma verdade moral dentro de uma moralidade humanista, e "A impiedade é pecaminosa" é uma verdade moral numa moralidade religiosa. d. Verdade ficcional — No contexto de O Mercador de Veneza é verdade que Otelo mata Desdêmona. Mas, sem dúvida, trata-se de personagens ficcionais, de modo que a verdade ficcional (em particular artística) é não fatual. Nem é formal, porque peças não são teorias matemáticas. Mas ela pode ser moral, como o são algumas parábolas bíblicas. (7)

 

FONTE: https://sites.google.com/view/sbgdicionariodefilosofia/verdade


 

Bibliografia

(1) ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
(3) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
(4) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
(5) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
(6) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
(7) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)


Palavras chave:

“Consciência coletiva, consciência social, vida psíquica da sociedade”

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