O Socialismo e a Condição Humana

 

Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica advogando a propriedade pública ou coletiva e administração dos meios de produção e distribuição de bens e de uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos com um método mais igualitário de compensação. O socialismo moderno surgiu no final do século XVIII tendo origem na classe intelectual e nos movimentos políticos da classe trabalhadora que criticavam os efeitos da industrialização e da sociedade sobre a propriedade privada. Karl Marx afirmava que o socialismo seria alcançado através da luta de classes e de uma revolução do proletariado, tornando-se a fase de transição do capitalismo para o comunismo.

A maioria dos socialistas possuem a opinião de que o capitalismo concentra injustamente o poder e a riqueza entre um pequeno segmento da sociedade que controla o capital e deriva a sua riqueza através da exploração, criando uma sociedade desigual, que não oferece oportunidades iguais para todos a fim de maximizar suas potencialidades.

Friedrich Engels, um dos fundadores da teoria socialista moderna, e o socialista utópico Henri di Saint Simon defendem a criação de uma sociedade que permite a aplicação generalizada das tecnologias modernas de racionalização da atividade econômica, eliminando a anarquia na produção do capitalismo. Isto irá permitir que a riqueza e o poder sejam distribuídos com base na quantidade de trabalho despendido na produção, embora não haja discordância entre os socialistas sobre como e em que medida isso poderia ser conseguido.

O socialismo não é uma filosofia concreta da doutrina fixa e programa; seus ramos defendem um certo grau de intervencionismo social e racionalização econômica (geralmente sob a forma de planejamento econômico), às vezes opostos entre si. Uma característica de divisão do movimento socialista é a divisão entre reformistas e revolucionários sobre como uma economia socialista deveria ser estabelecida. Alguns socialistas defendem a nacionalização completa dos meios de produção, distribuição e troca, outros defendem o controle estatal do capital no âmbito de uma economia de mercado.

Socialistas inspirados no modelo soviético de desenvolvimento econômico têm defendido a criação de economias de planejamento central dirigido por um Estado que controla todos os meios de produção. Sociais democratas propõem a nacionalização seletiva das principais indústrias nacionais nas economias mistas, mantendo a propriedade privada do capital da empresa e de empresas privadas. Social democratas também promovem programas sociais financiados pelos impostos e regulação dos mercados. Muitos democratas sociais, especialmente nos estados de bem-estar europeus, referem-se a si mesmos como socialistas. O socialismo libertário (incluindo o anarquismo social e o marxismo libertário) rejeita o controle estatal e de propriedade da economia e defende a propriedade coletiva direta dos meios de produção através de conselhos cooperativos de trabalhadores e da democracia local de trabalho.

O socialismo moderno se originou no século XVIII em movimentos políticos intelectuais e da classe trabalhadora, criticando os efeitos da industrialização e da propriedade privada na sociedade. Os socialistas utópicos, incluindo Robert Owen (1771-1858), tentaram encontrar formas de criar comunas autossustentáveis por secessão de uma sociedade capitalista. Henri de Saint Simon (1760-1825), o primeiro a utilizar o termo socialismo, foi o pensador original que defendia a tecnocracia e o planejamento industrial. Os primeiros socialistas previram um mundo melhor, através da mobilização de tecnologia e combinando-a com uma melhor organização social. Os primeiros pensadores socialistas tendem a favorecer uma autêntica meritocracia combinada com planejamento social racional, enquanto muitos socialistas modernos têm uma abordagem mais igualitária.

Vladimir Lenin, com base em ideias de Karl Marx, de "baixa" e "alta" fases do socialismo, definiu o "socialismo" como uma fase de transição entre o capitalismo e o comunismo.

Fonte: Wikipédia


Há esperança?

José Antonio da Conceição - Webmaster

Lenin defendeu que o socialismo seria fase de transição. Karl Marx defendeu que o proletariado deveria se unir, conquistar o poder e implantar o sistema comunista, onde haveria igualdade econômica entre todos os seres humanos.
Bakunin discordou de Marx, dizendo que após a conquista do poder os proletários que estivessem no governo iriam olhar "de cima" para os outros trabalhadores e, governar conforme os próprios interesses, devido à sua natureza humana.

Bakunin, Filósofo Russo, Anarquista, nascido em 1814, de certa forma estava prevendo muitos dos acontecimentos mundiais contemporâneos, onde povos de diferentes nações estão se manifestando nas ruas, exigindo direitos e melhorias na condição social, independente da ideologia dos governos.

Vivemos tempos difíceis onde os conflitos entre as classes são constantes e, maioria da população mundial está insatisfeita com seus representantes políticos, independente da ideologia adotada na forma de governar.

De acordo com o sociólogo português Souza Santos, é possível reconhecer que “as instituições existentes estão a desempenhar pior o seu papel, sendo-lhes cada vez mais difícil conter a frustração dos cidadãos”. Por isso, “se as instituições existentes não servem, é necessário reformá-las ou criar outras”. Para o sociólogo, até que se conclua o processo de reforma das instituições e de revisão de suas capacidades, “é legítimo e democrático atuar à margem delas, pacificamente, nas ruas e nas praças”, sinalizando um período “pós-institucional”¹

Que fenômeno é este que está acontecendo, capaz de gerar este descontentamento generalizado praticamente no mundo inteiro, provocando movimentos tipo PRIMAVERA ÁRABE, OCCUPY WALL STREET, e muitos outros mundo afora? Europa inteira se desmantelando economicamente, enfrentando o desemprego em massa e os brasileiros insurgindo-se contra toda a classe política sem admitir lideranças ou bandeiras dos partidos políticos nas manifestações?

Muitas análises e propostas de correção de rota estão sendo escritas e discutidas. Todos os formadores de opinião, seja um blogueiro(a) ou uma empresa da mídia, demonstram que não sabem exatamente o que está acontecendo e são incapazes de apontar os verdadeiros caminhos que, localmente ou mundialmente a humanidade deverá trilhar para evitar as crises que afetam a vida das pessoas, muitas delas destruindo quase completamente o tal estado de "bem estar" que parecia ser definitivo e duradouro.

Ninguém toca no cerne da questão: a má distribuição das riquezas e o esfacelamento da democracia representativa, provocados pela cooptação de tudo e de todos ao único e verdadeiro poder: o poder econômico. Qual poder econômico?

Corporações e Conglomerados financeiros

Já existem muitos estudos apontando o fenômeno em curso: o poderio econômico das corporações transnacionais e dos conglomerados financeiros permitem que estas instituições atuem na defesa do seu capital acumulado e na implantação de políticas destinadas a perpetuar esta condição.
Nenhuma grande empresa do ramo da produção ou do mercado financeiro admite "redistribuir" parte de seus lucros por que o sistema vigente diz que quem fizer isso no mercado estará fadado à estagnação e consequente falência em tempos vindouros, já que serão ultrapassadas pelo concorrente.

O sistema "ganha-ganha" entre estas corporações, e também entre governos e instituições que lhes protegem o mercado, provoca um "perde-perde" em todos os seres humanos e também no planeta, único fornecedor de energia e matéria prima para a fabricação de produtos, cuja produção e consumo precisam crescer ad infinitum para satisfazer o crescimento dos PIBs e, desta forma, tentar alcançar níveis de padrão de vida que satisfaçam a maioria da população.

Ocorre que, após décadas e décadas de funcionamento deste sistema, os tais níveis de padrão de vida aceitáveis e dignos para a maioria da população nunca foram alcançados e a distância que separa os milionários dos miseráveis cresce a cada dia, mês, cresce todos os anos. Cresce porquê?
Cresce por que, a sociedade capitalista é uma sociedade baseada no consumo. Além disso, exige-se que exista o aumento constante do ato de consumir. Isso resulta na necessidade de uma quantidade crescente de consumidores para que sejam fabricados mais produtos (e serviços) a serem consumidos e, é justamente na cadeia que processa a venda destes produtos e serviços que há condições de se auferir lucro.

A soma desta maior valia é que forma as grandes montanhas de dinheiro que denominamos de capital acumulado. Maioria absoluta da população do planeta somente participa deste processo, trocando sua mão de obra e capacidades por salários, aplicando estes salários nas suas necessidades básicas e supérfluas. Esta parcela gigantesca que não participa da distribuição das fatias do bolo e, fica obrigada a contentar-se com as migalhas, cresce constantemente. Existe possibilidade de reverter este processo, de deter este círculo vicioso?

Algumas Propostas:

1. O capitalismo não poderá ser detido. Tornou-se adulto, autossuficiente e está profundamente enraizado no âmago dos seres humanos. Porém, seu lado selvagem, pernicioso e desumano precisa ser contido. Isso só será possível com mudança de paradigmas, num período de tempo alongado, que permita adequação a um novo sistema, sem ruptura e sem sequelas mais danosas ainda para os seres humanos.
Toda mudança exige conhecimento profundo do problema para que a emenda não seja pior que o soneto. Os sistemas de Educação/Ensino precisam ser excelentes em todas as nações e capacitar todos os seres humanos na análise correta e crítica dos problemas advindos do capitalismo, para depois construir-se as modificações de rota necessárias.

2. O crescimento demográfico mundial precisa ser detido. Não estou propondo que os governos coloquem-se a legislar sobre o sagrado direito de decidir quantos filhos cada casal deverá ter, em cada período de tempo, mas que a consciência e o conhecimento sejam disseminados de tal forma a capacitar cada ser humano na certeza da sua participação e responsabilidade no processo.

3. Se as riquezas são escassas e é esta escassez que provoca a má distribuição, o ser humano precisa reaprender a viver consumindo menos, mantendo uma vida feliz e proveitosa e, a distribuição das riquezas (existentes e a construir) deverão obedecer a outros critérios. Novos paradigmas terão que ser construidos.

4. Comunismo e Socialismo, na forma como foram propostos e até implantados em algumas nações demonstraram ser tão defeituosos quanto o capitalismo, É o capitalismo que terá de ser reciclado completamente até que se consiga o regime ideal, que agrida menos o planeta e seus recursos naturais, não aponte para crescimento infinito e promova distribuição mais equitativa daquilo que existe.

5. Somos seres pensantes e continuamos com nossa capacidade nata de produzir ideias. Nenhum ser humano pode ficar resignado e quieto no seu canto, enquanto os problemas se avolumam e a situação da humanidade inteira se aproxima velozmente do momento crítico final, onde não existirá tempo hábil para elaborar e implantar novas ideias. Terá chegado o tempo da derrocada de mais uma grande civilização.

Ao utilizar este artigo, cite a fonte e o autor

José Antônio da Conceição - Julho de 2013