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Os Clássicos


POR: Neri de Paula Carneiro[1]

Platão - Sócrates - Aristóteles

Tais filósofos são assim chamados por serem considerados pela tradição predecessores de Sócrates. Sócrates, seu discípulo Platão e Aristóteles formam a tríade do período clássico, pois são considerados os verdadeiros inauguradores da filosofia, formulando teorias não somente sobre o mundo, mas também sobre o homem e sua alma. O conceito de verdade e de ciência é definido pelo conhecimento filosófico, cuja busca procura um parâmetro não-relativo para as nossas possibilidades de sabedoria.
Por isso mesmo seus inimigos clássicos são os sofistas, teóricos que viajavam pelas cidades gregas ensinando a oratória aos jovens e gabando-se de poderem defender qualquer ponto-de-vista, somente pelo poder do discurso, sendo assim, relativistas. A tradição filosófica triunfante é platônico-aristotélica, a Escola de Atenas, sendo assim os sofistas sofreram estigmatização no decorrer dos séculos, mas contemporaneamente foram revalorizados como humanistas e defensores da democracia.
A Filosofia clássica foi o berço de todas as ciências, onde o ser humano começou a cortar o laço com a mitologia comum, e a buscar respostas para as grandes questões da vida. Explicações "divinas" já não satisfaziam completamente as passoas que buscavam conhecimento principalmente por meio da Razão Humana.
A palavra Filosofia ou [amor ao conhecimento] foi utilizada pela primeira vez pelo pré-socrático Pitágoras por volta do século VI aC quando se inicia a necessidade do homem de buscar o conhecimento por meio da razão. Os Filósofos da época se situaram em um quadro social e cultural, que durou cerca de mil anos e que constitui a época antiga, terminada no ano de 476 dC, quando caiu o Império Romano em mãos das novas nações do Ocidente.
A Filosofia Clássica começa no século VI aC. e se estende até o início da era cristã. É dividida nos seguintes períodos:

 

Período pré-socrático

Veja Filósofos Pré-socráticos

  

Período socrático

Por volta do século V aC. começa o que podemos considerar como um novo período na história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático ou ANTROPOLÓGICO. Esse também é chamado deperíodo clássico da filosofia.
Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que estavam preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a explicação do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de convencer o interlocutor.
As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses professores ambulantes que consideravam não haver uma verdade única. Alguns comentadores da história da filosofia viram com maus olhos a atuação dos sofistas, principalmente devido a escritos de Platão que os considerava não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem amor pela verdade. Essa visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os sofistas não eram os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que se utilizaram, de forma pragmática, da filosofia.
O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão e Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações. Protágoras, um sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são". E Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte afirmação: "o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa".
A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se, portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber.
O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe essa denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia como também as artes e o começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e seus discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história do saber.
Algumas curiosidades: Sócrates ensinava na praça de Atenas, dialogando com seus discípulos e interlocutores. Usava a maieutica e a ironia, como instrumentos metodológicos. Em virtude de sua postura filosófica foi chamado de "inseto", comparado com uma mosca: a mosca de Atenas. Um de seus principais discípulos foi Platão. Esse criou uma escola, a Academia, onde se reunia com seus discípulos e onde ditou os textos de seus diálogos em que Sócrates é o personagem principal. Um dos principais ensinamentos de Platão é a teoria do Mundo das ideias e a da Reminiscência da Alma. Na porta de sua academia estava escrito: "não entre aqui quem não for amante da matemática". Aristóteles discípulo de Platão, também fundou uma escola, o Liceu, mas não lecionava dentro de uma sala e sim andando pelos corredores. Daí vem a denominação de escola peripatética (andar ao redor). Aristóteles foi o grande sistematizador da filosofia (dos conhecimentos da época), classificando em várias áreas. Fez, através de uma grande rede de discípulos, estudos de Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc. A esses estudos denominou Física. Aos estudos sobre o Ser, o conhecimento, entre outros, chamou de Metafícia (depois da física).
Ainda hoje a cultura e o saber ocidental são tributários à mentalidade e à filosofia grega, do período clássico: quando falamos em corpo-alma estamos nos referindo a conceitos originários de Platão. Quando pretendemos maior clareza de nosso interlocutor, e para isso lhe fazemos uma série de questionamentos, estamos nos reportando a Sócrates. Quando falamos em lógica, organização e sistematização de conhecimentos, estamos aplicando uma metodologia aristotélica.
Outra consequência da ação desses três pilares da filosofia grega foi o fato de, após suas mortes, a filosofia ter entrado em um período de declínio. Não por ter perdido qualidade ou preocupação com o saber, mas pelo fato de, por um longo período, não terem aparecido grandes nomes, propondo novos sistemas.

  

[1] - Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação,Filósofo, Teólogo, Historiador

FONTE: http://www.webartigos.com/articles/5415/1/Os-Periodos-Filosoficos/pagina1.html#ixzz0wDnwLY12


  

Período pós-socrático ou Helenismo

A partir do século III aC. inicia-se a decadência político-militar da Grécia. Trata-se de uma época em a sociedade e os valores entraram em decadência.Consequentemente, para ocupar o vácuo do poder grego ascenderam os macedônios que assimilam a cultura grega, através de Alexandre, discípulo de Aristóteles. O Helenismo se caracteriza pelo sincretismo de elementos culturais provindos dos povos do oriente, conquistados por Alexandre e a cultura grega. A filosofia desse período é, ao mesmo tempo, continuação dos ensinamentos de Platão e Aristóteles, mantidos pelos seus discípulos e uma reelaboração desses ensinamentos filosóficos.
As preocupações da filosofia no período Helenista, entretanto, mudam de curso. Deixa de estar centrada no homem social, político e na compreensão da natureza. Ou seja, a preocupação deixa de ser em relação a "explicação dos mistérios do universo"(MONDIN, p. 1982, p. 107) para se voltar para problemas éticos. A filosofia começa a tratar não do coletivo, mas da vida interior do homem. Essa preocupação ética permaneceu durante todo o período Helenista, passou pelo Império Romano e continuou com a chegada do Cristianismo, quando começou uma nova etapa da história da filosofia.
No período Helenista desenvolveram-se várias escolas filosóficas. Podemos destacar:
O CINISMO: esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a decadência moral da sociedade grega e macedônica. Pode-se dizer que o personagem que melhor caracteriza essa escola é Diógenes que em pleno meio dia, com uma vela acesa andava pelas ruas dizendo: "procuro o homem". Cinismo vem de Cão (xýon) o que se justifica, pois o pensador afirmava: "faço festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que não me dão nada e mordo os celerados" (Diógenes, Apud, REALE; ANTISERI, 1990, p. 233). Num banquete, ao lhe atirarem osso ele teria urinado em cima, como fazem os cães. "Diogenes tomava sol quando Alexandre, o homem mais poderoso da terra se aproximou e lhe disse: 'pede-me o que quiseres'; ao que Diógenes respondeu: 'afasta-te do meu sol'" (ibidem, 1990, p. 233). A partir disso já podemos ter uma ideia do que essa escola pregava: desprezo àquilo que a sociedade dominante considera valor e valorização da simplicidade do viver. Foi uma escola que atravessou os séculos e podemos dizer que a postura socrática esteve sempre muito próxima do ideário cínico. Aliás, se levarmos em conta a afirmação de Gaarder podemos dizer que foi com Sócrates que nasceu o cinismo: diz o autor: "Conta-se que, um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado em que estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele exclamou: 'Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver!'. Naturalmente ele queria dizer com isto que ele próprio não precisava de nada daquilo.
Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada em Atenas por Antístenes – um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C." (Gaarder, 1998, p. 147, grifo no original).
O ESTOICISMO: esta escola caracteriza-se pelo espírito de completa austeridade física e moral. Ou seja, o Homem deve suportar os sofrimentos, fugir dos prazeres fáceis e afastar-se das permissividades e licenciosidades. A sabedoria consiste em manter uma vida austera. A pratica da virtude "consiste na apatia (apátheia), isto é, na anulação das paixões" (MONDIN, 1982, p. 112) Essa corrente filosófica influenciou profundamente o cristianismo, marcando-o até nossos dias, como, por exemplo, a prática da penitência.
EPICURISMO: é a escola que pode ser colocada no extremo oposto ao estoicismo. Ela se caracteriza pela ideia de que o homem deve buscar o prazer, entendido como "ausência da dor e não como satisfação das paixões" (Mondin, 1982, p. 114). Desfrutar do prazer é virtude, portanto é um bem, enquanto a dor é um mal. O supremo prazer é o saber que pode ser obtido quando se superam as paixões que são a causa da degradação social. Diz Epicuro "Quando dizemos que o prazer é o bem supremo não queremos referir-nos aos prazeres do homem corrompido, que pensa só em comer, em beber e nas mulheres" (Epicuro, apud, Mondin, 1982, p. 115).
O CETICISMO: Nesse mesmo contexto histórico formou-se o ceticismo. O Ceticismo se caracteriza pela postura de constante busca do conhecimento. Para os céticos a sabedoria não "não é o conhecimento da verdade, mas sua procura" (Mondin, 1982, p. 116). Pirro, fundador dessa escola, teria dito que as coisas "são igualmente sem diferença, sem estabilidade, indiscriminadas; logo nem nossas sensações nem nossas opiniõessão verdadeiras ou falsas" (REALE; ANTISERI, 1990, p. 268). Assim sendo, o homem deve se concentrar em desfrutar do que as aparências proporcionam, visto ser impossível chegar a um saber completo e universal; é impossível ao homem, saber se as coisas são, de fato, o que parecem ser. Como não há certeza, não existe avanço nos conhecimentos. O progresso, portanto fica impossibilitado de acontecer.
O ECLÉTISMO: Esta escola desenvolve-se em oposição aos céticos. Afirmavam os ecléticos que a verdade não se limita a um sistema filosófico e, portanto, deve ser complementada por elementos das diversas escolas. A base de sua reflexão é assim sintetizada pela padre B Mondin: "para eles, o desacordo dos filósofos deve-se ao fato de que, não podendo a fraca ente humana abarcar toda a verdade com um só olhar, um filósofo limita a sua investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim, estudando aspectos diferentes da realidade é natural que cheguem a conclusões diferentes. Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas, não se deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as conclusões das pesquisas dos melhores entre eles" (MONDIN, 1982, p. 118). A postura eclética pode ser apresentada como um dos elementos centrais da cultura romana. Seu exército se fez poderoso por que foi capaz de, entre outras coisas, assimilar valores dos povos e exércitos vencidos.
Os ecléticos, como todos os outros pensadores do período helenista não foram criadores de sistemas, mas assimiladores, releitores e divulgadores do pensamento grego, com algumas variantes e acréscimos.

O Cristianismo

Além dessas correntes filosóficas e dentro desse mesmo período nasceu o cristianismo. E várias das correntes helenistas influenciaram no desenvolvimento dessa nova mística. Em base disso é que podemos dizer que o cristianismo, nasceu não de Jesus Cristo e do grupo inicial de discípulos, mas a partir do sincretismo de elementos helênicos, judeus, orientais e romanos. O cristianismo, portanto é uma religião que se fez por ecletismo. O grande criador-divulgador do cristianismo foi Paulo de Tarso que após sua conversão levou os ensinamentos de Jesus para além do mundo judeu. O cristianismo demorou a ser aceito por alguns judeus, mas se desenvolveu rapidamente entre os chamados gentios. O que teria sido a proposta de Jesus Cristo, passa a ser reinterpretada de acordo com categorias greco-romanas. Isso, entretanto, só foi possível devido à crescente decadência do Império Romano e à releitura de Platão, feita principalmente por Plotino e os demais Neoplatônicos. Para percebermos a influência grega sobre o cristianismo primitivo podemos ler as cartas de Paulo, um primor de argumentação e retórica grega. Emblemática, sobre isso, também, o chamado um discurso de Paulo aos Atenienses, que o ouvem embevecidos, embora não se convertam por considerarem absurda a pregação sobre a Ressurreição.
Num primeiro momento o cristianismo se apresenta como Patrística (do séc I ao V, aproximadamente), e depois como Escolástica, até o fim da Idade Média. Um dos grandes nomes da Patrística foi Santo Agostinho e da Escolástica foi Santo Tomás de Aquino.
Durante a patrística os ensinamentos sobre Jesus podem ser agrupados em dois blocos: os textos dos apologistas e os textos contra as heresias. As apologias surgiram por que os cristãos precisavam mostrar às autoridades romanas uma defesa de sua fé. Entre os cristãos também aparecem algumas distorções sobre como entender os ensinamentos de Jesus ou como falar sobre sua divindade. Contra essas distorções são formulados os textos para "corrigi-las", uma vez que são consideradas Heresias.
Nos dois casos o trabalho precisa ser desenvolvido através de uma boa argumentação, que tenha por base os ensinamentos de Jesus, a tradição Judaica e seja apresentado de forma clara, para que a argumentação seja convincente. Isso foi feito utilizando-se de elementos e argumentação lógico-formal da filosofia grega. Nesse meio é que se desenvolveu o Neoplatonismo e se cristalizou, cada vez mais a visão platônica de que este mundo é onde reside o pecado e a maldade. Por isso devem ser evitados todos os vícios (estoicismo) para se chegar à pureza do céu (mundo das ideias, de Platão). Graça a isso é que a partir do século III o cristianismo passou a exercer domínio não só sobre o pensamento, mas também sobre o mundo político dos romanos. A influencia do cristianismo se tornou cada vez maior e permaneceu até o fim da Idade Média. Com o Renascimento, com o advento da Reforma Protestante e o desenvolvimento das bases do capitalismo, o cristianismo católico perdeu espaço quando desenvolveu-se os tempos modernos com um vasto leque de correntes filosóficas e políticas.
O segundo momento do cristianismo, a ESCOLÁSTICA, já se confunde com a Idade Média quando os ensinamentos e valores cristãos são claramente travestidos de elementos gregos provindos, principalmente, de Aristóteles.
Isso se deve ao fato de a filosofia grega ter, em grande, parte se perdido no mundo ocidental. Permanecia só a vertente neoplatônica. Mas a partir do nascimento do Islamismo de sua Guerra Santa e de seu avanço religioso, militar, econômico e político, sobre a Europa, afogando os domínios dos monarcas católicos surge a necessidade de uma postura de defesa. O comércio passou a ser assimilado positivamente: os dois lados estavam ganhando. Com isso o perigo militar também estava contido e as instituições políticas. Mas permanecia o perigo religioso: o islamismo crescia sobre o cristianismo. E uma das características que permitiam a fácil assimilação dos valores religiosos islâmicos era a sua lógica e sua apresentação a partir dos conceitos de Aristóteles, que os europeus e o cristianismo desconheciam.
Para conter o avanço da religião islâmica os cristãos se viram obrigados a rever seus conceitos e fundamentos de base platônica. Passou-se a ler Aristóteles, suas categorias filosóficas e "científicas". Ao mesmo tempo elementos cristãos embebidos na filosofia Aristotélica começavam a ser ensinadas nas escolas das catedrais e nos mosteiros. Nascia a Escolástica.
Nesse momento da história da filosofia quando há aliança do poder temporal com o espiritual, a filosofia esteve a serviço da teologia que estava serviço da igreja que pretendia sempre manter o domínio sobre reis, reinos e povos.
Pode-se dizer que o cristianismo desenvolveu-se, inicialmente, ao desvincular-se do judaísmo assumindo uma conotação greco-romana, ao se expandir dentro do Império Romano influenciando rumos dentro do Império. Depois, com uma estrutura romana e com roupagens gregas, durante a Idade Média, o cristianismo, já como instituição forte, assumiu o aristotelismo como instrumento de manutenção do poder. Ou seja, o cristianismo sobreviveu ao saber trocar de "roupa" em momentos determinantes da história, sabendo fazer a releitura da proposta de Jesus Cristo dentro de cada contexto. Um dos grandes nomes desse processo de adaptação do cristianismo aos conceitos aristotélicos fundamentando a escolástica foi Santo Tomás de Aquino.
O coroamento da Idade Média, com os avanços e tropeços desses mil anos de história, foi o processo do RENASCIMENTO e a inauguração dos TEMPOS MODERNOS. Ou seja, a passagem da patrística para a escolástica e todo o processo de reinauguração do pensamento preparou um novo momento histórico que recebeu o nome de renascimento.
Os valores e as referências do mundo medieval (escolástica) era a religião. Por isso se chama essa épocade Teocêntrica. A partir do Renascimento ocorreu uma reviravolta e os valores e referências passam a ser o Homem (antropocentrismo). Em todas as áreas, desde as artes, a filosofia (nascem as ciências), a teologia, a economia, a política e todo o desenvolvimento teve o homem como referência.
A arte sacra com motivos religiosos cede lugar à arte centrada no homem, no corpo que é evidenciado e mostrado em sua beleza física. Exemplo disso é a pintura de Leonardo da Vinci e a escultura de Michelangelo. A filosofia escolástica deixa espaço para o Racionalismo, o Humanismo e o Empirismo, privilegiando a razão, o homem e o conhecimento advindo da experiência. Com Galileu a ciência ganha um método experimental e juntamente com outros pensadores vão se estruturando as várias áreas da ciência. A teologia, antes dominada pelos dogmas católicos começa a ser contestada pelos reformadores, onde se destaca a ação de Lutero e todo o movimento reformador. Em oposição à Idade Média em que praticamente inexistem relações comerciais os tempos modernos assistem às intensas viagens marítimas, caracterizando uma transformação geográfica, que são expressão do desenvolvimento do comércio (está nascendo o capitalismo). Na política medieval o poder estava nas mãos dos senhores feudais que pagam tributo aos monarcas. Essa prática permitiu aos monarcas acumulem riquezas que serviram para financiar as inovações tecnológicas e comerciais, que aceleraram a queda do poderio feudal e, paradoxalmente, são as raízes da Revolução Francesa quando a burguesia faz as mais diferentes alianças para derrubar definitivamente o poder dos senhores feudais e de toda a nobreza, inclusive tomando o poder dos monarcas.
Nos TEMPOS ATUAIS, a partir do Iluminismo, que sustentou a Revolução Francesa, a filosofia deixa de ser a única via de interpretação do Real. O desenvolvimento das ciências fez com que a filosofia deixasse de se ocupar com a explicação do mundo e dos fenômenos passando a dedicar-se a temas específicos. Atualmente, ao mesmo tempo que a filosofia é um complemento à ciência, apresenta-lhe questionamentos ou questiona-lhe os resultados. A ciência nasce da filosofia e desenvolve-se a partir dos questionamentos que ela levanta. Por isso podemos dizer que não há ciência sem filosofia.
Os resultados da ciência aparecem a partir dos questionamentos que são originários da filosofia. Ou seja, a Filosofia levanta os problemas e a ciência se encarrega de fazer as investigações. Diante desses resultados a filosofia coloca novas indagações e problemas.
Isso não significa, entretanto, que não se tenham desenvolvido correntes e sistemas de pensamento, depois do nascimento das ciências. Várias correntes merecem um estudo particular: o empirismo, o iluminismo, o idealismo, o pragmatismo, o positivismo, a fenomenologia, o marxismo, o existencialismo. Além de campos específicos onde se faz filosofia: filosofia da ciência, filosofia política, filosofia da linguagem, filosofia da educação, filosofia do direito, entre outras.
Essas são só algumas das adaptações que o pensar filosófico fez para adaptar-se e continuar interpretando o mundo.

[1] - Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador


A Wikipédia distingue o termo Filosofia Clássica separando-o em restrito e amplo:

Filosofia clássica, em seu sentido estrito, refere-se à filosofia antiga, e, em seu sentido amplo, inclui também a filosofia medieval, a filosofia renascentista, a filosofia do século XVII e o iluminismo, isto é, a todo o período da filosofia que precede a especialização e profissionalização do conhecimento humano em disciplinas científicas independentes e que acontece a partir da revolução industrial.


Leia também:

Formação da Filosofia Clássica