Fichte
Escritor e Filósofo Francês
Johann Gottlieb Fichte cursou o Colégio de Pforta e as universidades de Jena, Wittenberg e Leipzig. Em Königsberg encontrou-se com Kant. Denunciado como ateu e demitido da Universidade de Jena, vai para Berlim, onde permanece até assumir a cátedra de filosofia na Universidade de Erlangen.
Na guerra da França contra a Prússia, participou da resistência nacional. Em 1809 foi nomeado reitor da Universidade de Berlim, onde liderou o movimento nacionalista dos estudantes.
Nome completo: Johann Gottlieb Fichte
Nascimento: 19 de maio de 1762, Rammenau, Saxônia (Alemanha)
Falecimento: 29 de janeiro de 1814, Berlim, Alemanha
Filosofia e política
A filosofia de Kant e a Revolução Francesa determinam o pensamento de Fichte. Como construtor do universo pelo conhecimento e como legislador de si mesmo, o homem kantiano se caracteriza pela autonomia. Kant, porém, pensa antes da revolução, ao passo que Fichte é por ela influenciado como acontecimento histórico. Assim, na filosofia alemã e pela filosofia em geral, Fichte quis fazer o mesmo que a revolução fez na política.
A revolução propunha uma exigência à qual o dualismo kantiano não podia atender. Impunha-se, então, superá-lo, estabelecendo o monismo da liberdade. Segundo Kant, conhecer é impor à matéria informe, revelada pelos sentidos, as formas a priori da sensibilidade e as categorias do entendimento.
O eu como ato puro
Conhecer, portanto, é transformar, convertendo a "coisa em si" em coisa "para nós". Ora, se não podemos saber como as coisas são em "si mesmas", porque, ao conhecê-las, as transformamos, jamais poderemos ultrapassar os limites da subjetividade, tornando-se o mundo uma criação do sujeito. Eliminando a "coisa em si" e fazendo do eu um absoluto, Fichte leva às últimas conseqüências o idealismo subjetivo de Kant.
O problema, porém, não está em reduzir o objeto ao sujeito, ou ao eu, mas em explicar de que forma, nada havendo fora do eu, pode o eu limitar-se a si próprio. O eu fichtiano é ato puro, pura atividade - só é na medida em que age e porque age.
Ora, para afirmar-se, o eu supõe a resistência, o "choque", o não-eu. A negação do eu está, pois, implícita em sua afirmação. Mas, se é pura atividade, como pode o eu extrair dessa atividade a passividade da resistência, ou do obstáculo, indispensável ao seu exercício? Se não a pode deduzir de si mesmo, deverá postular sua existência por um ato de fé.
O despotismo da liberdade
Na verdade, o que importa salientar é a estrutura dialética do pensamento fichtiano. A afirmação do eu (sujeito, espírito, consciência) implica sua negação ou antítese (objeto, natureza, ser) e, em seguida, a negação da negação da síntese. O momento decisivo dessa dialética é o da contradição, mola propulsora da auto-afirmação do eu, pois o momento da síntese, em que o eu reconhece o objeto como seu próprio produto, supõe o momento anterior, da antítese, em que o eu se defronta com sua negação ou contradição.
Enclausurando-se no sujeito-objeto-sujeito, como diz Hegel, Fichte não alcança uma síntese autêntica. Mas fazendo do eu o absoluto, Fichte representa um momento crucial do idealismo alemão, que coincide historicamente com o apogeu da Revolução Francesa.
Afirmando o eu abstrato como liberdade absoluta, a revolução desemboca no despotismo da liberdade e no terror, e a filosofia de Fichte - que, em determinado momento, representa a consciência nacional na luta pela independência -, partindo do mesmo princípio, termina, paradoxalmente, na apologia do Estado totalitário, que é, para Fichte, a utopia do futuro.
Fichte também é um dos fundadores do nacionalismo alemão.
Enciclopédia Mirador Internacional
Local original do texto: https://educacao.uol.com.br/biografias/johann-gottlieb-fichte.htm
Capturado no ano de 2010.
FICHTE, Johann Gottlieb (1762-1814), filósofo alemão educado nas universidades de Jena (1780) e Leipzig (1781-84), trabalhou primeiro como tutor em Zurique, em 1788 e em Varsóvia em 1791. De Varsóvia ele foi visitar Kant em Königsberg e mais tarde enviou-lhe os originais de seu livro Versuch einer Kritik aller Offenbarung ("Tentativa de uma Crtica de toda revelação"). Kant ficou favoravelmente impressionado e ajudou-o a encontrar um editor. O livro foi bem acolhido e atribuído ao próprio Kant, em virtude do nome do autor, acidentalmente, não ter sido impresso. Kant esclareceu o engano e elogiou a obra, o que deu imediatamente grande reputação a Fichte.
Em 1795 Fichte tornou-se o editor do Philosophisches Journal e em 1798 publicou Das System der Sittenlehre nach den Prinzipien der Wissenschaftslehre (A ciência da ética fundamentada nos princípios do conhecimento"), no qual apresenta sua filosofia moral fundamentada na noção de dever. Quando, nesse mesmo ano, o Philosophisches Journal foi proibido, sob a acusação de ateísmo, Fichte teve que deixar a Universidade de Jena. Foi residir em Berlim, onde permaneceu de 1799 até 1806, quando as vitórias da França sobre a Prússia o levaram para Königsberg. Lá ele lecionou algum tempo, para retornar a Berlim, onde foi reitor da nova Universidade, de 1810 a 1812.
Um dos principais filósofos idealistas de maior destaque na Alemanha, no primeiro quarto do século XIX, Fichte ocupou-se em demonstrar o erro do kantismo, para o qual a liberdade e Deus constituíam a coisa última, o "absoluto". O absoluto produz de si, do seu seio, formas que manifestam a sua própria essência: aquilo que chamamos o mundo, a história, os produtos da humanidade, o homem mesmo.
Fichte toma como absoluto o Eu. Mesmo que não possa ter um conhecimento de si fora do pensamento, a coisa pensante existe e tem intuição de si mesma como o Eu, e é a coisa última. O Eu é intuído por si próprio como ação; o pensamento vem depois.
O Eu absoluto necessita, para a sua ação, um objeto sobre o qual recaia essa atividade. O universo é este objeto. Então, no ato primeiro de afirmar-se a si mesmo como atividade, necessariamente tem que afirmar também o "não eu", como fim dessa atividade. Então, o absoluto se explicita em sujeitos ativos e em objetos de ação. O conhecimento é uma atividade subordinada que tem por objeto permitir a ação, propor ao homem ação. Para atuar o eu necessita: primeiro, que haja um "não eu"; segundo, conhecê-lo no tempo e no espaço.
R.Q.Cobra
Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia
Local original do texto: https://www.cobra.pages.nom.br/filcont/fichte/
Capturado no ano de 2010.
Cobra, Rubem Queiroz – Filosofia Contemporânea: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 2001.
Era um dos 10 filhos de um artesão modesto. Desde menino já sobressaia por sua capacidade de resumir precisamente o sermão dominical do pastor. Um nobre da região decidiu finalmente cuidar da sua educação, na escola principesca de Pforta, onde passou seis anos muito difíceis, pois, Fichte sofria com a rigidez da hierarquia, tentando por vezes até fugir. Entretanto, neste mesmo período, Fichte começou a atualizar-se nas discussões mais importantes que estavam acontecendo nos meios filosóficos. Ocupou-se principalmente, da controvérsia entre Lessing e o teólogo Goeze, pastor principal de Hamburgo, sobre a relação entre iluminismo e teologia.
Talvez não apenas por influência de seus pais, mas também por sua própria vontade, Fichte passa a estudar teologia, em 1780, em Jena. No embate que existia entre a liberdade e o determinismo, Fichte manifestava-se a favor do determinismo.
Devido à necessidade financeira e sem haver concluído seus estudos, Fichte passa a trabalhar como preceptor a partir de 1784, primeiramente em Leipzig, depois em Zurique, onde conhece Johana Rahn, uma sobrinha do poeta Klopstock (que mais tarde será sua esposa).
Fichte decidiu devotar sua vida à filosofia, depois de ler as três Críticas de Immanuel Kant, publicadas em 1781, 1788 e 1790. Em 1790, ele volta para Leipzig, onde um pupilo seu pede para ter lições sobre a filosofia kantiana. Apesar de mal conhecer as obras de Kant, Fichte aceita o pedido e passa a estudar com afinco as obras de Kant, dando conta das três críticas em poucas semanas. A leitura das críticas foi muito importante para que Fichte superasse o determinismo, fazendo com que se evidenciasse que o "novo mundo" é o mundo da liberdade, que se evidenciava como a chave para entender toda a estrutura da razão. Segundo diz o próprio Fichte em carta a Johana "a vontade humana é livre, e a felicidade não é o fim do nosso ser, mas a dignidade de ser feliz". São portanto, essas convicções que tornam Fichte um filósofo, aos 28 anos.
Sua investigação de uma crítica de toda a revelação obteve a aprovação de Kant, que pediu a seu próprio editor para publicar o manuscrito. O livro surgiu em 1792, sem o nome nem o prefácio do autor, e foi saudado amplamente como uma nova obra de Kant. Quando Kant esclareceu o equívoco, Fichte tornou-se famoso da noite para o dia e foi convidado a lecionar na Universidade de Jena.
Fichte foi um conferencista popular, mas suas obras teóricas são difíceis. Acusado de ateísmo, perdeu o emprego e mudou-se para Berlim.
Relevância
Exerceu forte influência sobre os representantes do nacionalismo alemão, assim como sobre as teorias filosóficas de Friedrich Schelling, G.W.F. e Hegel. Os Discursos à nação alemã são sua obra mais conhecida.
Local original do texto: Wikipédia:
Capturado no ano de 2010.