Melisso de Samos

Melisso de Samos foi um militar, político, filósofo e poeta grego. Ele nasceu na ilha de Samos, Mar Egeu, em c.470 a.C.. Melisso foi um filósofo da Escola eleática, sendo, provavelmente, discípulo de Parmênides.


Nascimento: 470 a.C., Samos, Grécia

 

Falecimento: 430 a.C.

Melisso de Samos

(página em formatação)

Melisso de Samos. (em grego antigo: Μέλισσος ὁ Σάμιος). Melisso de Samos foi um militar, político, filósofo e poeta grego. Ele nasceu na ilha de Samos, Mar Egeu, em c.470 a.C.
 
 
Melisso foi um filósofo da Escola eleática, sendo, provavelmente, discípulo de Parmênides. Provavelmente o filósofo é o mesmo Melisso que Plutarco menciona como comandante da frota de Samos, que derrotou os atenienses em 442 a.C.
Um estadista e comandante naval sâmio que também contribuiu com a filosofia, e produziu influência no atomismo de Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera, tornando-se um dos continuadores da escola eleática, os quais tenderam a conciliações. Inicialmente o militar, desempenhou papel de relevância na política grega, como comandante da esquadra naval que derrotou os atenienses de Péricles (441 a. C.). Praticamente este é a única ação que se sabe de sua vida e como filósofo, que tenha atingido o apogeu de sua existência pelos anos posteriores a esta batalha ( 444-441 a.C).
Pela sua obra depreende-se que foi mais um polemista e defensor das ideias de Parmênides de Eleia, portanto anti-pitagórico, e sobretudo contra Empédocles, não se sabe todavia como teria tomado contato com as doutrinas da escola ocidental. Tratou de ajustar os extremismos do eleatismo com a filosofia jônica, tornando-se responsável pela sistematização dessa doutrina, além de mudar alguns pontos de vista, e estabeleceu que o ser é infinito, tal como é infinito no tempo, ou seja eterno.
Seu principal poema foi Sobre o Ser ou Sobre a Natureza, do qual se conservaram até nossos dias dez fragmentos, e morreu em lugar incerto. Simplício da Cilícia se referiu a um seu livro, denominando-o Tratado sobre a física ou do ente.

Citações

Fragmentos de “O Ser”

- Fonte: “O Ser”; em: Melisso, Sull'essere, em Hermann Diels, Walther Kranz, I presocratici. Testimonianze e frammenti, a cura di Angelo Pasquinelli, Einaudi, Torino, 1976.

"Se nada é, o que podia ser dito dele, como se fosse algo?." ( Fragmento 0 )

"Sempre era o que era e sempre será. Por que se fosse, foi necessário que antes de nascer nada ainda fosse. Mas se era nada, do nada não teria podido nascer nada de alguma maneira." ( Fragmento 1 )

"Agora portanto desde que não nasceu e é sempre, era e sempre será, e não tem nenhum começo finito , mas é infinito. Se era nascido aliás teve começo (porque teria começado a nascer a um momento específico) e fim (porque terminaria para nascer num momento específico); mas desde que não tem nenhum começo nem término era sempre e sempre será. E não tem nenhum princípio finito. Não é possível aliás que o que é sempre não seja todo." ( Fragmento 2 )

"Mas enquanto é sempre, consequentemente deve também que seja sempre infinito em tamanho." ( Fragmento 3 )

"O que tem começo e fim, não é nenhum eterno nenhum infinito." ( Fragmento 4 )

"Aliás o limite confinaria com o vazio." ( Fragmento 4a )

"Se não fosse um teve limite em outro." ( Fragmento 5 )

"Se aliás é infinito tem que ser um: porque se fossem dois, os dois não poderiam ser infinitos, mas um teve limite no outro." ( Fragmento 6 )

Referências

http://pt.wikipedia.org/wiki/Melisso_de_Samos

http://pt.wikiquote.org/wiki/Melisso_de_Samos


 

Contraditando Melisso:

Invariabilidade, inabalabilidade (estabilidade) e inalterabilidade não significa nem impõe que não haja movimento. Tudo o que existe se move; se o que existe não se movesse, não poderia existir, pois a movimentação vibratória é a base insubstituível da existência das coisas. O que não existe é o nada, que, inexistindo, não pode dar origem a coisa alguma; se o nada existisse, seria alguma coisa, e, se fosse alguma coisa, seria a negação do Ser, pois, se gerasse alguma coisa, só geraria nadas. Já se o Ser, sempre existente, é a própria Estrada, nesta Estrada o Ser tem Sua existência, sendo, por isto mesmo, sempre atraente e movente em Si-mesmo. Logo, um Universo imóvel, como quis Melisso, é uma impossibilidade físico- existencial. Finalmente, afirmei que o Ser não propende para nada. Todavia, se propendesse, só poderia propender para Si-mesmo. Tenhamos sempre em mente que o Ser não faz escolhas e não tem preferências. O Ser é o que é, pois o Ser sempre foi o Ser e, para sempre, será o Ser.

Bibliografia:

GERD, A. Bornheim. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.

KIRK, G. S. e RAVEN, J. E. Os filósofos pré-socráticos. 2ª edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.


Acontece, que:

Sobre Melisso temos hoje alguns fragmentos do seu livro Sobre a Natureza ou Sobre o Ser. Ele, como Zenão, aprofundou e defendeu as teorias de Parmênides. Melisso escreve de forma clara é dedutivamente rigoroso em seus argumentos. Ele sistematizou e escreveu basicamente sobre as doutrinas e preocupações dos Eleatas, mas também modificou em alguns pontos as teorias destes. Essas correções acabaram tendo um peso notável na história da reflexão sobre o ser.

 

Para Melisso o ser deveria ser infinito - Parmênides dizia que o ser devia ser finito. Melisso defende o ser infinito porque ele não pode ter limites nem no tempo nem no espaço. Se o ser fosse finito ele teria que fazer limite com o vazio, o vazio é um não ser e é impossível que o ser seja limitado pelo não ser. O ser além de ser infinito é uno porque se fossem dois um deveria fazer limite com o outro e fazer limite significa limitar e o ser não pode ser limitado por outra coisa, mesmo outro ser. O ser não pode ter sido gerado pois se tivesse sido gerado ou se pudesse ter fim o ser seria finito no tempo, o ser seria limitado pelo tempo. O ser não pode ter vindo do nada nem pode acabar no nada, não pode ter início nem fim, ele vai além do tempo, nele o presente o passado e o futuro coincidem. O ser sempre foi é e sempre será.

 

O ser é também incorpóreo, mas esse incorpóreo não quer dizer que ele seja imaterial, ele tem que ser incorpóreo porque não pode ter uma forma e os corpos têm forma. Se o ser tivesse uma forma ele teria que ser limitado pois a forma tem limites e o ser não pode ter limites. Aqui Melisso novamente modifica a teoria de Parmênides, pois este acreditava que o ser era como uma esfera. O ser de Melisso não pode ter a aparência corpórea de uma esfera porque mesmo a esfera põe limite no ser e o ser é ilimitado. O ser é pleno e qualquer forma de vazio e nada não existem.

 

Melisso além de defender a unidade do ser defende também a imobilidade do ser contra a ilusão do mundo sensível que se apresenta como múltiplo e em constante movimento. O conhecimento sensível é falso e a prova disso é que ele demonstra ao mesmo tempo a coisa e a sua modificação mas se as coisas fossem verdadeiras elas não modificariam.

 

O ser não pode ter forma, não é composto de partes, se apresenta infinito no espaço e no tempo, é sempre idêntico a si mesmo. Os atributos fundamentais do ser são portanto unidade, completude e imobilidade.

 

A propósito da natureza inalterável do ser ele desenvolveu o argumento do cabelo segundo o qual se o ser fosse modificado em dez mil anos mesmo que de um só cabelo ele teria se auto destruído porque ele teria se tornado um outro na eternidade, mesmo que seja em pequena medida.

 

Sentenças:

 

- Se nada é, que coisa podemos dizer disso, como se fosse alguma coisa.
- Sempre foi aquilo que sempre será. Porque se tivesse não sido seria necessário que antes de nascer fosse nada. Mas se era nada, do nada não poderia ter nascido.
- Mas como sempre foi assim se torna necessário que seja sempre infinito em grandeza.
- Aquilo que teve princípio e fim não é nem eterno nem infinito.

Responsável - Arildo Luiz Marconatto
FONTE: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=16
Acesso em 11/03/2023 17:39 h