Merleau Ponty

Filósofo e psicólogo, nascido em 14 de março de 1908, em Rochefort sur Mer, na França. Faleceu em 3 de maio de 1961, em Paris, vítima de embolia. Seu pai, um artilheiro, morreu em 1913, sendo ele, juntamente com seu sua irmão e irmã, criado pela mãe.
Frequentou em Paris, os Liceus Janson-de-Sailly e Louis-le-Grand, e, em 1926, entrou na École Normale Superieure para estudar filosofia. Foi aí que conheceu Sartre e Simone de Beauvoir.
Após graduar-se em filosofia, em 1931, lecionou em vários liceus. Em 1935 regressou à École Normal como tutor.
Serviu, durante um ano, como oficial do exército francês, na II Guerra Mundial. Católico até 1930, mostrou-se desgostoso com muitas das atitudes de elementos da hierarquia da Igreja.
Uma das primeiras publicações de Merleau-Ponty foi uma recensão sobre a obra de Gabriel Marcel “Ser e Ter” no Jornal Católico “La Vie Intellectuelle”. Foi neste pensador que Merleau-Ponty busca uma das suas ideias base: a de que a nossa subjetividade é essencialmente corporal ou encarnada. E também recebeu a noção de filosofia como um saber ‘concreto’.

Palavras-chave: Merleau-Ponty. Fenomenologia. Filosofia. Psicologia.



Merleau-Ponty

Henri Bergson ainda era vivo e publicava os seus escritos quando Merleau-Ponty, ainda jovem, era tutor em 1930. Mais tarde Merleau-Ponty foi eleito para uma cadeira no Collége de France, e aí produziu um discurso inaugural com comentários deveras atenciosos para com Bergson. Esse discurso foi mais tarde publicado com o título de “Eloge de la Philosophie” (Elógio da Filosofia), no qual defende a experiência imediata como elemento central do conhecimento.

 

Merleau-Ponty tomou contato com a Fenomenologia Husserliana através do seu Professor na École Normale Supérieure Georges Gurvitch, que em 1929 lecionava a Filosofia Alemã Contemporânea. O próprio Husserl lecionou nesse mesmo ano na universidade parisiense, aquilo que mais tarde se publicou como “Meditations Cartesienes”. Apesar de grandemente influenciado pela obra de Edmund Husserl, Merleau-Ponty avança a teoria do conhecimento intencional fundamentando sua própria teoria na compreensão do corpo-ao-mundo e consequentemente na proposição da primazia da percepção.

 

Nas lições do professor Gurvitch, Merleau-Ponty aprendeu também a filosofia de Heidegger, e deste reteve a questão da consciência. Em sua obra é constante a utilização da expressão “ser-ao-mendo”, proveniente da expressão heideggeriana “ser-no-mundo”. O modo como ambos interpretam o lugar da ontologia é também semelhante.

 

Merleau-Ponty renovou a sua ‘aproximação’ com Sartre em 1941, quando se juntou a um pequeno grupo da resistência chamado Socialismo e Liberdade, a que Sartre já havia pertencido. Esse grupo era para Sartre um grupo de pequenos burgueses intelectuais, entusiásticos, mas não coerentes nem dinâmicos. A partir daqui, Merleau-Ponty e Sartre tornaram-se mais próximos, filosoficamente e politicamente. As palavras chave eram: fenomenologia e existência. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Jean Paul Sartre) do jornal “Les Temps Modernes”, considerada a mais importante consequência da colaboração entre eles.

 

O objectivo da revista era publicar artigos de politica, filosofia e literatura. Politicamente, era consensual a ideia de acabar com as injustiças do nazismo e criar uma sociedade mais humana. Como na época a União Soviética não tinha sido ocupada pelos nazis e tinha uma alternativa de regime político econômico, estes intelectuais pensaram no comunismo como uma opção. Foi aí que Merleau-Ponty se aproximou, mas sempre com reservas, devido aos campos de trabalho soviéticos. “Humanisme et Terreur” (Humanismo e Terror) foi um artigo escrito sobre estas questões em “Les Temps Modernes”, publicado em 1947.

 

Em 1948, Merleau-Ponty e Sartre ajudaram a fundar um partido político: o Partido de Renovação Democrática, que tal como o nome indica, tinha como objetivo criar as condições para uma revolução socialista na Europa, e que a tornasse na ‘terceira força’. No artigo de 1950, URSS et les champs, Merleau-Ponty afasta-se e critica o comunismo soviético. No entanto, isso não significou uma aproximação para com os americanos. A guerra da Coréia, em 1950, foi decisiva para Merleau-Ponty, pois viu o imperialismo agressivo dos soviéticos. Ao contrário, Sartre viu essa guerra como um capricho norte-americano que queria manter o seu poder de influência na zona, e por essa razão Sartre manteve-se afeto aos soviéticos.

 

A partir daqui a relação de ambos começou a ‘esfumar-se’. Em uma edição de “Les Temps Modernes”, com Sartre ausente, Merleau-Ponty tomou uma decisão controversa relativamente a um artigo sobre as contradições do capitalismo, inserindo nessa edição um prefácio sobre a falha do autor em não ter referido também as contradições do socialismo. Sartre, quando voltou, não permitiu que isso acontecesse. E durante 3 anos, a relação de ambos esteve caótica.

 

No entanto, ambos se reconciliaram depois de 1956. A diferença fulcral, entre ambos, estava ainda em Sartre manifestar as suas simpatias com o comunismo soviético, escrevendo artigos: “Les comunistes el la paix”, em 1954. Merleau-Ponty respondeu com o seu livro “Les aventures de la dialetique”, publicada em 1955. A crítica de Merleau-Ponty a Sartre é que este deixou de olhar para a evolução histórica do conceito de dialética, para olhar apenas o presente comunista. Há aqui uma querela entre objetivismo e subjetivismo. Ambos terroristas, para Merleau-Ponty. As criticas de Merleau-Ponty referem-se também à questão da consciência e da história, onde ele encontra a contradição de Sartre negar a história e isso é, precisamente, anti-marxista.

 

Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon e em 1949 foi chamado a lecionar na Sorbonne, em Paris. Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de France.

 

Entre suas obras destacam-se: “La Structure du comportement” (A estrutura do Comportamento), em 1942 e “Phénoménologie de la perception” (Fenomenologia da Percepção), em 1945.

 

“La Structure du Comportement”, sua dissertação de mestrado em 1938, mas apenas publicada em 1942, revela, tal como diz na Introdução, a intenção de estudar as relações da consciência com a natureza: orgânica, psicológica e social. A obra é claramente uma crítica à metodologia e aos princípios da psicologia clássica e comportamental (behaviorista). Mas nela podemos encontrar já algumas referências à fenomenologia que mais tarde seria anunciada. O método era analisar o comportamento, e mostrar que ele não se pode reduzir aos movimentos puramente fisiológicos. Vemos então aparecer noções essenciais da reflexão merleaupontyana, como ‘forma’, ‘estrutura’, ‘intenção’ e ‘sentido’.

 

“Phenomenologie de la Perception”, sua tese de doutoramento, publicada em 1945, é considerada a sua principal e obra, na qual crítica a psicologia clássica, a fisiologia mecanicista e principalmente o cogito racionalista cartesiano.

 

Merleau-Ponty publicou também as coletânea “Sens et Non-Sens”, em 1948, e “Signes”, em 1960. Em “Signes”, aproxima-se do estruturalismo do seu amigo Claude Levi-Strauss, e que mais tarde o aproximou também de Ferdind de Sausurre.

 

Merleau-Ponty morreu repentinamente de embolia a 3 de Maio de 1961, com apenas 53 anos, e no esplendor de sua carreira. Em “Les Temps Modernes”, Sartre escreveu um tributo a Merleau-Ponty. “Merleau-Ponty vivant”.

 

Depois da sua morte, foram publicados alguns trabalhos encontrados em meio a seus escritos. Um foi “La prose du monde”, que parece ter sido abandonado pelo próprio autor. Tal obra parece querer levar-nos para o mundo da percepção referido na “Phenomenologie de la Perception”, em que a comunicação e os outros são necessários no caminho para a verdade. Na base do conceito de sujeito encarnado. “L’Origine de la Verité” é outro texto publicado, que nos fala dos fundamentos filosóficos da verdade e da intersubjetividade.

 

Quanto à definição de filosofia, Merleau-Ponty considera-a uma reflexão humana radical sobre a sua própria situação. Sua filosofia revela o ser humano como ser-ao-mundo; a consciência (que é sempre de alguma coisa) somente é percebida pelo corpo em movimento: somos ativos no mundo.

Informações extraídas dos sites:
http://www.cobra.pages.nom.br/fc-ponty.html
http://olhaquedois.weblog.com.pt/arquivo/157374.html
Acesso em: 28/04/2005
FONTE: https://www.motricidades.org/spqmh/biografias/maurice-merleau-ponty/


 

Maurice Merleau-Ponty Filósofo francês 14 de março de 1908, Rochefort-sur-Mer (França) 3 de maio de 1961, Paris (França) Da Página 3 Pedagogia & Comunicação 28/01/2008 16h44 Maurice Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer a 14 de março de 1908 e morreu em Paris a 3 de maio de 1961. Aluno da Escola Normal Superior, formou-se em filosofia em 1930

 

Lecionou no Liceu de Beauvais de 1931 a 1933, no Liceu de Chartres de 1934 a 1935 e na Escola Normal Superior de 1935 a 1939. Foi mobilizado para a 2ª Guerra Mundial entre 1939 e 1940. Depois, ensinou durante quatro anos no Liceu Carnot e participou da resistência contra a ocupação nazista.

 

Em 1945, quando se doutorou, foi nomeado diretor de cursos e conferências da Universidade de Lyon, da qual se tornou professor titular em 1948. Nessa época, fundou, com Jean-Paul Sartre, a revista Os tempos modernos, da qual foi assíduo colaborador.

 

Na Sorbonne, de 1949 a 1952, ocupou as cadeiras de psicologia e pedagogia, sendo eleito para o Colégio de França em 1952, onde lecionou até a data de sua morte.

 
"Gestalt", a consciência e o mundo

Para Merleau-Ponty, a compreensão das formas mais elementares do comportamento exclui a causalidade mecânica e o espaço geometricamente entendido, e implica o recurso a um "espaço ligado ao corpo como uma parte de sua carne", pois o objeto da ciência dos seres vivos é a apreensão daquilo que os torna vivos.

 

A teoria da "Gestalt" (forma), permitindo interpretar a forma como estrutura, facilita a compreensão fenomenológica do ser vivo, enquanto união dialética e indecomponível da alma e do corpo. As formas realizam, assim, uma síntese da natureza e da ideia, e são conjuntos de forças em estado de equilíbrio ou de mudança constante, de tal sorte que lei alguma pode ser formulada em relação às partes tomadas isoladamente, cada vetor sendo determinado, em grandeza e direção, por todos os outros.

 

Segundo Merleau-Ponty, o que há de profundo na ideia de "Gestalt" não é a ideia de significação, mas a de estrutura, de junção de uma ideia e uma existência indiscernível, que confere aos materiais um sentido, a "inteligibilidade em estado nascente".

 

No que se refere à análise da percepção, no pensamento do filósofo francês a fenomenologia se torna existencial, pressupondo apenas, como "lógos", o próprio mundo, e ensinando que filosofar é reaprender a ver o mundo, voltar às próprias coisas.

 

Em que momento a consciência se insere no mundo? A teoria clássica da percepção não o explica - e a psicologia não consegue descrever esse momento. Assim, não existe a "sensação pura", o azul sem o céu, o amarelo sem o reflexo nervoso. A sensação se insere sempre num "campo", no qual é espontaneamente interpretada.

FONTE:
https://educacao.uol.com.br/biografias/maurice-merleau-ponty.htm


 
Por Ana Lucia Santana
 

O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty exercitou em sua teoria reflexões sobre a fenomenologia, movimento filosófico segundo o qual, assim que algo se revela frente à consciência humana, o Homem inicialmente o observa e o percebe em completa conformidade com sua forma, do ponto de vista da sua capacidade perceptiva. Na conclusão deste processo, a matéria externa é inserida em seu campo consciencial, convertendo-se, assim, em um fenômeno.

 

Maurice nasceu na cidade de Rochefor-sur-Mer no dia 14 de março de 1908, realizou seus estudos na École Normale Supérieure de Paris e graduou-se em filosofia. Em 1945 ele passou a dar aulas na Universidade de Lyon e, a partir de 1949, atuou na Universidade de Paris I.

 

Sua obra foi profundamente inspirada pelos trabalhos do matemático e filósofo alemão, considerado o pai da fenomenologia, Edmund Husserl, apesar de negar sua doutrina do conhecimento intencional, preferindo basear sua construção teórica na maneira de se portar do corpo e na captação de impressões dos sentidos. Ele acreditava no organismo como uma configuração integral a ser explorada, o que possibilitaria aos estudiosos entenderem o que se passa depois que ele é submetido a inúmeros estímulos.

   

Para o filósofo, o Homem é o núcleo dos debates sobre o conhecer, que é criado e percebido em seu corpo. No exame minucioso da percepção, Merleau-Ponty converte o processo fenomenológico em uma modalidade existencial, resumindo no ‘logos’ a estrutura do mundo. Segundo sua concepção, a filosofia permite um novo aprendizado do olhar sobre o universo que o envolve, um retorno ao âmago do objeto.

   

O filósofo tem ciência de que as teorias convencionais sobre a percepção e a psicologia deixam de explicar em que instante a consciência é integrada no mundo. Com esses limites, é impossível perceber a sensação em sua pureza; assim, ela é sempre implantada em um espaço, no qual é naturalmente analisada.

 

A base do conhecimento está, portanto, na capacidade de perceber o que nos cerca, o que implica também o processo de dar significado ao que foi captado pelos sentidos, para que se possam realizar as necessárias conexões entre os objetos perceptíveis, o que torna possível vê-los como um todo.

 

Segundo o filósofo, a esfera humana é uma espécie de ‘intermundo’, o qual pode ser explicado como o contexto histórico, a simbologia, ou a verdade a ser construída, algo que acena com a possibilidade de uma significação das coisas, apesar de todos os paradoxos existenciais; nesse campo o Homem depositaria todas as suas expectativas. Neste ‘intermundo’ cada ser é visto pelo outro como uma fração de mundo, a interação entre as consciências e a ligação dialética entre o proprietário e o escravo.

 

As obras mais significativas de Merleau-Ponty são as de natureza psicológica, entre elas A Estrutura do Comportamento, de 1942, e Fenomenologia da Percepção, de 1945. Na sua fase mais política ele elaborou uma série de ensaios de teor marxista na publicação Humanismo e Terror, de 1947, uma apologia do comunismo soviético de fins da década de 40. Em 1955 ele passa por uma modificação na sua visão sobre este regime, no ensaio As Aventuras da Dialética, de 1955, no qual o marxismo é visto como apenas mais um método para se alcançar a verdade.

 

FONTES:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Merleau-Ponty
http://educacao.uol.com.br/biografias/maurice-merleau-ponty.jhtm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Husserl
Local original do artigo: http://www.infoescola.com%2Ffilosofia%2Fa-filosofia-de-merleau-ponty