Sócrates e os Sofistas

IMAGEM: Sócrates

A filosofia de Sócrates buscava a verdade absoluta por meio do questionamento e da reflexão, enfatizando a ética e a busca pela virtude. Ele acreditava no conhecimento objetivo e universal. Já os sofistas defendiam o relativismo, valorizando a retórica persuasiva e o sucesso social e político.

Esta visão de mundo centrada no humano era própria aos sofistas, uma vez que, estes eram em sua maioria homens viajados, vindos das mais diversas colônias gregas e que por este motivo conheciam inúmeras organizações políticas.Os sofistas, assim como os filósofos pré-socráticos, também enxergavam com maus olhos a mitologia grega, produzindo inúmeras críticas contra ela. Grave bem este início do post para compreender o que virá depois, com a ruptura provocada pelo pensamento de Sócrates.

O Ceticismo Agnóstico dos Sofistas

Esta postura, crítica, fez dos sofistas pensadores céticos (corrente filosófica que produz dúvidas a cerca das certezas cotidianas e até científicas), e ao mesmo tempo apresentaram uma postura agnóstica (pessoas que não afirmam ou que não conseguem provar a existência de Deus, geralmente apegam-se aos conhecimentos da ciência como única forma de verdade).

Por este motivo os sofistas acreditam que seria impossível que a maioria das questões filosófica conduzisse os homens ao conhecimento verdadeiro. O argumento mais comum dos sofistas era o de defender que, no máximo, os homens conseguiriam apenas emitir opiniões sobre alguma coisa.

O pensamento dos Sofistas

Os sofistas encontraram em Atenas o lugar perfeito para desenvolverem suas habilidades, a retórica, a arte do bem falar. Os sofistas ganhavam a vida como professores desta arte, e ensinavam ela a quem pudesse pagar. Eis aqui talvez um problema.

Na Grécia Antiga, em Atenas, somente os cidadãos tinham condições de pagar este ensinamento. Isso acontecia porque apenas homens, maiores de idade possuidores de bens, eram considerados cidadãos. Ser cidadão em Atenas significa ter dinheiro, prestigio e respeito.

Além disso, somente o cidadão podia participar da política, que naquela época em Atenas se configurava como uma democracia participativa.

Como professores dos cidadãos os filósofos ofistas não ensinaram apenas a arte da retórica, mas também propagaram suas ideias a cerca da polêmica sobre a capacidade inata de produzir conhecimento ou se apenas este suposto conhecimento produzido pela humanidade não seria criado pelas necessidades da própria sociedade.

Este pensamento ensinado para os cidadãos atenienses contribui para disseminarem a ideia de que no máximo conseguimos apenas emitir opiniões a cerca de um assunto, de modo que o que vale é a capacidade de argumentar e de convencer quem houve.

Assim a política em Atenas tomou um rumo não com a propositura de produzir conhecimento para melhorar a situação da pólis grega, mas para convencer e seduzir outros cidadãos com discursos inflamados e contagiantes.

Veja o pensamento de Sócrates

Na história da filosofia existem algumas controvérsias acerca da real existência deste que teria sido um divisor de águas na filosofia antiga. Sócrates não deixou nada escrito. Tudo o que sabemos dele foi escrito por Platão na obra conhecida Diálogos Socráticos.

Neste conjunto de textos literários e filosóficos Sócrates sempre aparece como personagem principal, buscando transmitir algum ensinamento ao leitor. Até onde se sabe Sócrates nasceu em Atenas e nunca deixou a cidade.Sócrates e os SofistasMesmo sem sabermos ao certo sobre a existência de Sócrates é certo afirmarmos que sua filosofia mudou o modo de pensar: da sociedade, do homem, da ética e da política.

Diferente dos filósofos pré-socráticos que se preocupavam com questões cosmológicas, Sócrates se preocupava em entender como o conhecimento poderia contribuir para tornar o homem um ser inteligente e feliz.

Sócrates foi inimigo direto da propositura filosófica dos sofistas. Considerou os sofistas como não filósofos, sendo estes apenas professores de retórica e que em nada contribuíam com o futuro de Atenas.

 
Resumo sobre o conflito de Socrates e os Sofistas

SÓCRATES E OS SOFISTAS

Sócrates dava aulas gratuitas
 

Para Sócrates o verdadeiro filósofo deveria ter o compromisso com a cidade, por este motivo não cobrava para ensinar filosofia. Fazia a filosofia pelas ruas de Atenas pelo simples fato de procurar a verdade pela própria verdade.

Sócrates acreditava que a filosofia deveria contribuir para auxiliar os cidadãos a produzirem conhecimento verdadeiro, através da razão, de modo que este conhecimento transformasse para melhor a realidade da pólis.

Sócrates também dizia que ouvia uma voz divina que o instigava à procura do saber. Para tanto desenvolveu uma técnica filosófica chamada maiêutica, que quer dizer: a arte de parir ideias.

Este nome é uma alusão à profissão de sua mãe, parteira. Sócrates acreditava que poderia conduzir seus interlocutores ao conhecimento puro e verdadeiro.

Para Sócrates, as parteiras apenas conduzem as mães e suas crianças ao nascimento, porque o nascimento é algo natural e inato ao ser humano. Do mesmo modo Sócrates acreditava que o conhecimento era inato ao homem e que este apenas precisava ser conduzido até ele.

O Método Socrático

O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a ironia. A maiêutica inicia-se com uma pergunta e esta pergunta sempre levava a um debate. Nesta conversa, debate, Sócrates dava a entender ao seu interlocutor que gostaria de aprender com ele algo que este soubesse muito, qualquer temas: pescaria, amor, política, guerra.

Este fingimento de Sócrates, o de nada saber sobre o assunto em questão, forçava seu interlocutor a pensar cada vez mais sobre o que argumentava. Estas argumentações ficavam cada vez mais complexas à medida que Sócrates continuava perguntado cada vez mais sobre o assunto.

Isso exigia de seu interlocutor um enorme exercício de raciocínio lógico para continuar a empreender argumentos válidos sobre o que se conversava.

A insistência de Sócrates em seguir perguntando e a refletir sobre o que o seu interlocutor havia dito, dava a impressão de que Sócrates realmente nada sabia sobre o que conversavam. Este “fingimento” ficou conhecido como ironia socrática.

À medida que as conversa avançava o interlocutor, na maioria das vezes perdia fôlego em suas argumentações e Sócrates crescia cada vez mais na dúvida. Esta postura socrática levava na maioria das vezes, ao interlocutor, reconhecer que não dominava por completo o assunto que se dizia tão conhecedor.

Este estilo de vida e o modo como conduzia os seus debates fazia com que os jovens se apaixonassem pela postura contraditória que Sócrates imprimia diante da sociedade ateniense. Ao debater com qualquer pessoa Sócrates levava o seu interlocutor a reconhecer sua ignorância e a fazer pensá-lo sobre sua própria existência, da realidade social e da política que o cercava.

Isso fez com que Sócrates criasse inimigos em Atenas. Diante da postura sofistica, Sócrates argumentava que a democracia ateniense não conduzia os cidadãos à verdade, apenas produziam discursos vazios, tomando decisões equivocadas para o futuro da pólis.

No lugar da democracia Sócrates sugeria a Aristocracia, o governo dos melhores, dos mais bem preparados para conduzirem o povo à felicidade.Sócrates com o cálice da morteSócrates ainda dizia que os cidadãos eram como ovelhas e que deveriam ser pastoreadas para seguirem o caminho correto. Porem os homens livres, os cidadãos da democracia ateniense respondiam a Sócrates dizendo que: quando um pastor decide abater uma ovelha, ele, o pastor, não as consulta.

Sócrates condenado à morte

Esta postura custou a própria vida de Sócrates. Foi acusado pelos cidadãos atenienses de corromper os jovens, de promover novos cultos e de não aceitar os deuses. No júri, cerca de cinquenta pessoas, entre cidadãos e sofistas. Foi condenado, sua sentença: a morte; sua execução: beber um cálice de cicuta.

Sócrates teve a oportunidade de fugir uma vez que era muito querido por todos na cidade, mas recusou-se. Ele entendia que apesar de tudo, não estava acima das leis. E se fugisse para outra cidade viveria na mais completa infelicidade, pois toda a sua vida teria sido em vão.

Assim, ficar e beber o veneno seriam a sua melhor decisão uma vez que mostraria para todo o povo que nem mesmo as leis dos homens, apesar de existirem são verdadeiramente morais diante da legalidade de uma sentença.

Dizem ainda que Sócrates nunca ensinou nada para ninguém, produzindo mais dúvidas do que respostas. Na verdade se observarmos mais atentamente veremos que Sócrates ensinou muito. Ele nos ensinou a reconhecer a ignorância, eis o sentido de duas de suas frases: “reconhece-te a ti mesmo”, ou seja, saiba quem é você, quais são seus limites e afirme “só sei que nada sei”.

Certa vez um homem perguntou ao Oráculo de Delfos quem seria o homem mais inteligente de todas Atenas, e ele respondeu: Sócrates é o homem mais inteligente de toda a Atenas. Sócrates ao ficar sabendo desta resposta tomou um grande susto. Após pensar com mais calma e observando a postura dos homens entendeu o que afirmara o Oráculo.

Deste modo, nos ensina Sócrates: só é inteligente aquele que reconhece sua ignorância, que estuda e busca superar seus limites. Esta deve ser a postura dos homens de bem para Sócrates, dos filósofos, dos professores, dos alunos, dos profissionais de todas as áreas, dos políticos.

Lembremos que não são as respostas que transformam o mundo, a sociedade, a política e a ciência, mas as perguntas que são sempre filosóficas.

 
FONTE:
https://blogdoenem.com.br/sofistas-aula-de-revisao-filosofia-enem/
Capturado em 10/10/2023 - 17:58

 


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