Anaxágoras
Anaxágoras de Clazómenas ou Clazômenas foi um filósofo grego do período pré-socrático. Nascido em Clazômenas, na Jónia, fundou a primeira escola filosófica de Atenas, contribuindo para a expansão do pensamento filosófico e científico que era desenvolvido nas cidades gregas da Ásia.
A inscrição de seu pensamento está demarcada na Escola Pluralista, pois os filósofos que a compunham não tentaram encontrar a origem do Universo em apenas um, mas em vários elementos. Segundo o filósofo, as homeomerias(1) eram pequenas sementes que se agregavam, formando tudo o que existe.
Dicionário de Filosofia
(1) - Uma homeomeria (em grego antigo: ὁμοιομέρεια) é toda parte elementar igual ao conjunto que com outras partes conforma, em onde o todo composto pelas partes é similar às partes mais elementares e indivisíveis da matéria.
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Vida de Anaxágoras
Não se sabe muito sobre a vida do filósofo pré-socrático Anaxágoras. Como a distância histórica que nos separa da época em que o pensador grego viveu é grande, muitos documentos sobre a sua vida e contendo a sua obra foram destruídos, restando apenas fragmentos de outros filósofos e historiadores gregos que relatam passagens de sua biografia.
O filósofo nasceu na cidade de Clazômenas, na antiga região da Jônia (hoje território turco), que foi o berço da filosofia ocidental, originada com base no pensamento de Tales de Mileto. Já adulto, Anaxágoras passou a residir em Atenas, conhecendo figuras como o filósofo Sócrates e o estadista Péricles.
Especula-se que Anaxágoras, um dos mentores de Sócrates, teria levado a filosofia jônica para Atenas, fato que modificou a história da filosofia antiga por meio da revolução socrática no pensamento. Mesmo não sendo cidadão ateniense, fator que o impedia de participar das assembleias democráticas, Anaxágoras circulou pelos círculos políticos por meio da proximidade com Péricles.
A defesa da Filosofia no ambiente ateniense levou Anaxágoras a ser processado, julgado e condenado por traição aos deuses, ao procurar origens para o mundo que não as estabelecidas pela religião grega. Segundo Thomas Kunh, “historicamente começou com Anaxágoras o processo que Atenas moveu contra a Filosofia e que concluirá, mais tarde, com a condenação à morte de Sócrates”.
Anaxágoras fugiu de Atenas após a condenação, rumando para a cidade jônica de Lâmpsaco. Especula-se que um dos motivos de sua condenação foi a explicação sobre os eclipses, que contrariava a explicação baseada na vontade do deus grego Apolo, o qual, na mitologia, carregava consigo o Sol.
Obras
O historiador grego Simplício (século I d.C.) foi o responsável por reunir e conservar muitos fragmentos da obra em prosa escrita por Anaxágoras cinco séculos antes. Os fragmentos dão conta de mostrar que Anaxágoras escreveu um texto sobre a organização natural do mundo, em que falava sobre a origem do Universo e o modo como esse se comporta. Fragmentos extraídos do livro de Anaxágoras também aparecem em escritos de Platão e Aristóteles.
Arché
O objetivo dos filósofos pré-socráticos era encontrar a origem do Universo. Cada um apresentou um possível elemento que teria, de maneira causal, dado origem a tudo. No entanto, Heráclito e Parmênides abalaram as estruturas racionais desses pensadores ao entrarem numa querela sobre a mudança e a permanência das coisas.
Enquanto Heráclito afirmava a mudança contínua, Parmênides defendeu que as coisas eram sempre as mesmas, desde sempre, mudando apenas as aparências. Esse embate fez com que os filósofos posteriores percebessem que, mesmo defendendo uma origem essencial para tudo, era necessário entender também como essa essência originaria a mudança. Assim sendo, os pluralistas apresentaram teorias baseadas não em uma, mas em várias essências originais.
Para Anaxágoras, a origem de tudo estaria em microscópicas sementes que sempre existiram. Essas sementes aglomeravam-se, dando forma e origem aos seres e objetos. Então, os objetos eram compostos de várias sementes, que se aglomeravam sob domínio de uma inteligência governadora, ao que ele chamou de noûs, responsável também por separar os opostos, não deixando que eles se aglomerassem. Desse modo, não havia em um mesmo ser ou objeto o quente e o frio, o seco e o úmido, o uno e o múltiplo etc.
Local original do texto: https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/anaxagoras.htm
Capturado em 20/09/2022.
Biografia de Anaxágoras
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
Anaxágoras (500-428 a.C.) foi um filósofo do período pré-socrático da Ásia Menor. Dedicou-se ao estudo da astronomia e da biologia procurando sintetizar e tornar lógicas as explicações do mundo.
Anaxágoras nasceu em Clazômenas, na Jônia, colônia grega da Ásia Menor, por volta do ano de 500 a.C. Com vinte anos mudou-se para Atenas.
Foi o primeiro filósofo grego a residir em Atenas, e em pouco tempo, tornou-se a figura principal do grupo de intelectuais reunidos em torno de Péricles, governante da cidade.
Nessa época, Atenas passava por rápida expansão econômica e política que influenciou profundamente o pensamento grego e permitiu o aparecimento de pesquisas e teorias científicas inovadoras, onde a origem da vida teve as mais diversas interpretações.
Teoria filosófica de Anaxágoras
Anaxágoras foi o último representante dos pré-socráticos. Com relação à estrutura do universo, desenvolveu uma teoria que se diferenciava radicalmente dos outras correntes filosóficas da época.
Para Anaxágoras, várias substâncias compunham a totalidade do espaço existente e que cada elemento constituinte seria fundamental em si mesmo.
Para ele, a matéria seria constituída pela combinação desses elementos infinitamente indivisíveis. Acreditava que no ar continha sementes de todas as coisas, que eram trazidas a terra pela chuva, e dava como exemplo as plantas.
Anaxágoras defendeu também a ideia de que, junto à matéria, existe um princípio ordenador, um nous ou inteligência como causa do movimento. Por isso foi classificado como o primeiro dualista,.
Segundo interpretava Platão, Anaxágoras recorria a essa tese apenas para explicar a origem do movimento no universo, produzido esse movimento, o universo ficava abandonado à força mecânica.
Etapas do conhecimento
Anaxágoras dividiu o conhecimento em três etapas: a experiência ou sensação, a memória e a técnica.
Definia a experiência ou sensação como o tópico central para o conhecimento, sem ela nenhum conhecimento seria possível, pois ela é a nossa relação com o mundo.
Em consequência, tudo que é vivenciado através das sensações é então depositado na memória, que é a capacidade de conservar as experiências e os conhecimentos adquiridos.
O acúmulo desses conhecimentos na memória vai então gerar a sabedoria e esta vai gerar a técnica que é a nossa capacidade de fazer uso dos conhecimentos para transformar a natureza.
Astronomia
Anaxágoras realizou pesquisas sobre astronomia e definiu a teoria de que a terra era oca, tinha a forma plana e se mantinha suspensa no ar. O sol, a lua e todos ao outros astros eram pedras incandescentes e seu calor não era percebido por estarem muito longe da terra.
Exílio e Morte
Nos últimos anos do governo de Péricles, Atenas sofreu algumas revoltas, pois outras cidades importantes não aceitavam pacificamente a supremacia política, econômica e cultural de Atenas.
As opiniões científicas de Anaxágoras se chocavam com as concepções religiosas da época, sendo julgado por ateísmo.
Anaxágoras que mantinha amizade com Péricles, conseguiu se refugiar em Lâmpsaco, na Jônia, quando faleceu por volta do ano de 428 a.C.
 Anaxágoras resumiu sua filosofia em diversas frases, entre elas:
- “Tudo está em tudo”
- “A fraqueza de nossos sentimentos impede-nos de alcançar a verdade”.
- “Nada vem à existência nem é destruído, tudo é resultado da mistura e da divisão”.
- “Tudo tem uma explicação natural, a lua não é uma deusa, mas um grande globo de rocha e o sol não é um deus, mas um imenso mundo em fogo”.
- “Prefiro uma gota de sabedoria a toneladas de riqueza.”
- “Medimos a grandeza de uma ideia pela resistência que ela provoca”.
Local original do texto: https://www.ebiografia.com/anaxagoras/
Capturado em 20/09/2022.