François Chatelet

François Châtelet foi um historiador da Filosofia, filósofo político e professor francês. Considerado como um filósofo aberto ao seu tempo, Châtelet se insere na grande tradição de Sócrates, de quem traça um retrato fascinante em seu livro Platon.
Durante o curso de graduação em Filosofia na Sorbonne, interessa-se pela política, aproximando-se dos grupos trotskistas e, a partir de 1945, participando dos ideais revolucionários e radicais daqueles anos.
Após a graduação, é aprovado em concurso público (1948), tornando-se professor em Oran e Tunis. De volta a Paris, é nomeado professor nos liceus Saint-Louis e Louis-le-Grand.

Nascimento: 27 de abril de 1925, Boulogne-Billancourt, França

Falecimento:26 de dezembro de 1985, Paris, França



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Entre 1954 a 1959 foi membro do Partido Comunista Francês, embora se mantivesse criticamente distante da indigência teórica e do moralismo primário que caracterizavam o ždanovismo, então dominante. Foi militante da CGT (Confédération générale du travail) e participou do movimento anticolonialista durante a Guerra da Argélia (1954 — 1962).
A grande corrente do pensamento da época - o existencialismo - lhe parecia uma herdeira medíocre do movimento nascido do século XIX com Maine de Biran, que institui o privilégio da pessoa. Châtelet terá sempre aversão ao romantismo da subjetividade. Em 1956, estará ao lado dos «comunistas críticos», que se insurgem contra as posições do PCF sobre o Relatório Khrushchov e sobre a entrada de tanques soviéticos em Budapeste. Integrou os movimentos dos intelectuais de esquerda - o maio de 1968, as lutas contra a guerra do Vietname [ou Vietnã] e pela liberalização do aborto.
A partir de 1969, participou com Michel Foucault e Gilles Deleuze da organização do departamento de Filosofia da Universidade de Paris VIII (Vincennes) — criada após o "maio de 1968" - que dirigiu por mais de dez anos.
Em 1983, foi um dos fundadores do Collège international de philosophie, voltado à organização de seminários e à pesquisa interdisciplinar.
Influenciado por Gaston Bachelard e Alexandre Kojève, colocou a história no centro de suas reflexões, em particular a da Grécia Antiga (Périclès, 1960 ; La Naissance de l’histoire : la formation de la pensée historique en Grèce, 1961), revelando a influência de Marx no seu pensamento.
A História da Filosofia foi objeto dos seus cursos universitários e de vários dos seus livros (Platon, 1964 ; Hegel, 1969), bem como de obras coletivas publicadas sob a sua direção (Histoire de la philosophie, 1972 ; Histoire des idéologies, 1978 ; Histoire des idées politiques, 1982 ; Dictionnaire des idées politiques, 1986).
Seu Platon é considerado como uma bela iniciação ao pensamento do célebre filósofo grego. Em Une histoire de la raison, mostra o papel da filosofia na constituição da racionalidade ocidental moderna.
Era casado com a filósofa Noëlle Châtelet, irmã de Lionel Jospin.

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A Invenção da Razão
Émile Noel, vê a filosofia como um objeto de excessivamente vasto para as nossas limitações, limitar-nos à razão já é um projeto bastante ambicioso. Já François Chatelet acreditava na invenção da razão, tendo a Grécia vivido por contingências históricas, acontecimentos que levaram o homem a esse gênero original sem equivalência na época.
Produziu-se assim um sucesso cultural com surpreendente impacto sobre a realidade!
Nas teses sobre Feur Back (Feuerbach[ 1 ]), Marx diz que a filosofia vê o mundo sem operar transformações nele.
Mas os filósofos quiseram e transformaram o mundo, não diretamente, é claro, mas suas Ideias tiveram grandes influências sobre as elites e as massas. Foram assim que as Ideias filosóficas ao passarem para o real começaram a desperta o interesse de se saber como o projeto filosófico nasceu e se consolidou. No século V antes da nossa era na Grécia o pensamento tradicional esteve submetido a duas provas, as tradições já não bastam e já ao século VI todas as cidades são varridas por um vento de renovação, principalmente em Atenas, onde inventaram o que seria chamado de “democracia” onde todos os cidadãos serão iguais perante a lei provocando um grande impacto na cultura tradicional.
A palavra criou poder, pois dava-se pouco valor à palavra. Na democracia, a palavra começou a impor-se, Atenas se tornou um PODER importante. A democracia ateniense, a partir daí aparece como modelo. A Grécia foi conquistada pelo gosto da palavra, ao mesmo tempo nascem técnicas e artes (tekhnê).
Esse desenvolvimento da palavra propicia o nascimento de técnicas específicas chamadas depois de “retórica”. O aparecimento de um tekhnê gera o nascimento de uma profissão, (professores). Os “sofista” quer dizer apenas “intelectual que sabe falar”, que dominam a linguagem.
Na democracia ateniense, o gosto pelo poder inquieta alguns e em oposição a essa tradição desenvolveu-se o pensamento sofistico. Sócrates, a seu modo, é um sofista, diz falar em nome do seu daimon, do seu gênio pessoal. Sócrates tomou o caminho da invenção da filosofia e acaba inventando uma coisa nova que se chamaria de “conceito”. Sócrates é levado ao tribunal e recusando-se a se defender, é condenado à morte. Nascendo da sua morte e dos seus ensinamentos A filosofia platônica. A obra platônica se constrói essencialmente contra os sofistas, entretanto o pensamento platônico tem o mesmo ponto de partida que a sofistica: a palavra, característica que herdou de Sócrates, e Platão se propõe, usando a penosa palavra, constituir um discurso que seria juiz de toda a palavra. Ele retorna o pensamento socrático, e a partir daí se faz a pergunta sobre o que é a justiça.
A filosofia parte de perguntas simples, a partir daí ela tende construir uma argumentação que permita responder no plano do conceito. A arte do diálogo se chamará de “dialética” termo que se distingue da persuasão, e se destaca pela convicção, surgindo aí o segundo esboço do que poderia se chamar de “discurso filosófico”, em que a categoria maior é realmente a universalidade.
Aristóteles chama esse discurso de Shophia de Philosophos, havendo duas dimensões: teórica e uma prática. É assim que Platão vai fundamentar o seu empreendimento, construindo uma doutrina do SER, (Hipótese das Ideias).
Mas os gregos inventaram a Razão, como uma forma de construir a sabedoria, que nasceu da filosofia, influenciando de modo decisivo a concepção da ciência. De certa forma, essa filosofia foi inventada por Sócrates, mas formalizada por Platão, com a invenção do adjetivo dialektikos, do verbo dialekestai, “discutir em um diálogo”.

Iara Aparecida Fagundes
História e Sistemas da Psicologia
Professor: André Vieira
ULBRA – São Jerônimo

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Infelizmente o documento "A Invenção da Razão" foi excluído do Link acima.


[ 1 ] - Leia (aqui-Link) as teses sobre Feuerbach escritas por Karl Max.