Orfeu

IMAGEM: Orfeu com a lira e cercado por feras (século IV. Museu Bizantino e Cristão, Atenas)

Orfeu (em grego: Oρφεύς, transl.: Orphéus, pronúncia clássica: [or.pʰeú̯s]) é um músico, poeta e profeta lendário na religião grega antiga.
"Aristóteles acreditava que Orfeu nunca existiu; mas para todos os outros escritores antigos ele era uma pessoa real, embora vivesse na antiguidade remota. A maioria deles acreditava que ele viveu várias gerações antes de Homero".
Algumas fontes gregas antigas observam as origens trácias de Orfeu.[2] As principais histórias sobre ele são centradas em sua habilidade de encantar todas as coisas vivas e até pedras com sua música (a cena usual nos mosaicos de Orfeu), sua tentativa de resgatar sua esposa Eurídice do submundo e sua morte nas mãos das mênades de Dioniso, que se cansou do luto de Orfeu por sua falecida esposa Eurídice. Como um arquétipo do cantor inspirado, Orfeu é uma das figuras mais significativas na recepção da mitologia clássica na cultura ocidental, retratada ou mencionada em inúmeras formas de arte e cultura popular, incluindo poesia, cinema, ópera, música e pintura.
Para os gregos, Orfeu foi o fundador e profeta dos chamados mistérios "órficos". Ele foi creditado com a composição dos Hinos Órficos e das Argonáuticas órficas. Os santuários contendo supostas relíquias de Orfeu eram considerados oráculos.

Orfeu e o Orfismo

Ao que tudo indica, Orfeu foi um poeta trácio de grande habilidade musical e um místico de grande carisma, mas cujos traços históricos estão para nós completamente perdidos, a não ser pelas lendas e mitos que nos chegaram a seu respeito, transformando-o num semideus. Já no século VI a. C. o poeta Ibico falava de "Orfeu de nome famoso", testemunhando a grande notoriedade que Orfeu usufruia em toda a cultura helênica, e que só se explica pela existência de um fundador carismático e pela difusão do seu movimento religioso. Eurípedes, Platão, Heródoto, Aristófanes e Aristóteles nos deixaram escritos sobre o orfismo, e sabemos o quanto Platão deve aos mistérios órficos em sua filosofia, especialmente no que concerne à doutrina da reencarnação. É bem provável que o homem Orfeu tenha tido uma forte influência mística na cultura grega no início do século VI a.C.

A religião pública na Grécia e os Mistérios Órficos

A religião exerceu uma profunda influência na gênese da filosofia grega, e, por consequência, na filosofia ocidental. Mas quando se fala da religião helênica, se faz necessário distinguir entre a religião pública, que teve seu modelo na representação dos deuses e do culto que foi legado por Homero, e adotada pela maioria da população pela sua simplicidade explicativa dos fenômenos naturais e humanos,antropomorfizando-os, e a chamada religião dos mistérios. Apesar de serem religiões com pontos em comum, há importantes diferenças entre estas duas formas de religiosidade (como, por exemplo, a concepção de homem, do sentido da vida e o destino último da alma humana).
Ambas as formas de religiosidade são fundamentais para a gênese da filosofia grega, mas a segunda forma se destaca muito mais nesta gênese que a primeira. em todos os gregos consideravam críveis ou aceitáveis os pressupostos da religião pública, recheada de deuses bastante humanos.
Por isso, em círculos restritos, desenvolveram-se os chamados "mistérios", com elementos da religiosidade oriental, tendo suas crenças mais logicamente enlaçadas e seus próprios rituais reconhecidamente simbólicos e com forte conteúdo arquetípico-psicológico.
O orfismo é particularmente importante porque introduz na civilização grega uma nova interpretação da existência humana (Reale & Antiseri, 1990). Enquanto a concepção tradicional, desde Homero, considerava o homem com uma alma desconhecida, que se perdia na região do Hades após a morte, quase como um fim total da existência humana, o orfismo proclama a imortalidade da alma, sendo esta o que dá a persnonalidade do homem, herdeira de uma história e de um trajeto evolutivo, sempre se aperfeiçoando nesta e em inúmeras outras vidas, até que consiga se assemelhar ao máximo a Deus.

Os principais elementos da doutrina órfica são:

 
- No homem há um princípio divino, uma alma que caiu em um corpo para corrigir uma imperfeição.
 
- Essa alma não só preexiste ao corpo como também sobrevive a ele, estando destinada a reencarnar em corpos sucessivos até que consiga depurar-se das imperfeições e dos erros que a fazem voltar ao mundo.
 
Com suas práticas e ritos simbólicos, o orfismo buscava despertar no homem a compreensão destas verdades, ajudando-o a tomar consciência do que e quem ele é, e motivando-o a tomar ânimo para ter o total controle de sua vida, aperfeiçoando-se e pondo fim ao ciclo das reencarnações - temos aqui, de alguma forma, um eco dos ensinos budistas.
Conhecemos algumas máximas órficas, que nos chegaram através de fragmentos encontrados em tabuinhas e em tumbas pertencentes a seguidores da doutrina. Algumas dessas máximas resumem muito bem o núcleo central de sua doutrina:
 
- Alegra-te, tu que sofreste a paixão: antes, desconhecias o que era o sofrimento. De homem, nasceste Deus!".
 
- "Feliz e bem-aventurado, serás Deus ao invés de um mero mortal! De homem, nascerás Deus, pois és filho do Divino!".
 
De um modo geral, a mensagem órfica é a de que todos somos deuses, por herança divina, e deveremos voltar a estar junto de Deus.
Sem o orfismo não se explicaria a filosofia e a doutrina de Pitágoras, nem a de Empédocles e, sobretudo, não se explicaria Sócrates e boa parte do pensamento de Platão, bem como de toda a tradição que deriva de ambos.

FONTE:
www.oocities.org/br/.../filosofia/filosofia_mitologia.htm - Em cache
Este artigo originalmente estava em Geocities
LINK ATUAL: http://www.oocities.org/br/maeutikos/filosofia/filosofia_mitologia.htm
Infelizmente, não houve possibilidade de identificação do AUTOR (Uma das
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Acesso em 22/julho/2022

 


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