Insistindo Crátero [24] em hospedá-los, Diógenes disse: “Prefiro lamber sal em Atenas do que desfrutar da rica mesa de Crátero”. Encontrando Anaxímenes, que estava gordo, disse-lhe: “Partilhe conosco, os mendigos, a abundância do seu ventre; será um alívio para você e uma vantagem para nós”. Quando o mesmo Anaxímenes fazia uma preleção, Diógenes, mostrando um peixe salgado, conseguiu atrair a atenção de seus ouvintes; essa atitude irritou Anaxímenes e Diógenes disse: “Um peixe salgado que vale centavos interrompeu a preleção de Anaxímenes”.
Censurado certa vez por estar comendo em plena praça do mercado, Diógenes replicou: “Mas senti fome na praça do mercado!”. Alguns autores lhe atribuem também o seguinte caso: Platão o viu enquanto lavava verduras e se aproximou, segredando-lhe ao ouvido: “Se você cortejasse Dionísio, não estaria lavando verduras”; Diógenes respondeu-lhe também ao ouvido: “E se você lavasse verduras, não estaria cortejando Dionísio”. A alguém que lhe disse: “Muitas pessoas riem de você”, sua resposta foi: “Talvez os asnos riam delas, mas nem elas se incomodam com os asnos, nem eu com elas”. Em certa ocasião, observando um jovem que estudava filosofia, disse-lhe: “Muito bem! Leve os admiradores do seu corpo a apreciarem a beleza da alma!”.
Notando a admiração de alguém diante das ofertas votivas na Samotrácia, seu comentário foi: “Teria uma quantidade muito maior se os que não se salvaram também tivessem trazido as suas ofertas”. A um belo rapaz que estava saindo para um banquete, Diógenes disse: “Você voltará pior”. Regressando no dia seguinte, o rapaz disse a Diógenes: “Voltei sem me tornar pior”. Diógenes replicou: “Quíron, não, mas Euritíon [25], sim”. Certa vez, Diógenes pediu uma esmola a um homem intratável, que lhe disse: “Só se conseguir me convencer”. A réplica de Diógenes foi: “Se pudesse lhe convencer, seria a se enforcar”. Por ocasião de sua volta da Lacedemônia para Atenas, alguém lhe perguntou: “De onde vem e para onde vai?”; “Dos aposentos dos homens para os das mulheres”, respondeu Diógenes.
Ele estava regressando de Olímpia e lhe perguntaram se havia muita gente lá. “Sim”, disse o filósofo, “muita gente, porém, poucos homens”. Diógenes comparava os libertinos às árvores que crescem à beira de precipícios: seus frutos os homens não provam, mas são comidos pelos corvos e abutres. Dizem que, na Afrodite de ouro consagrada por Friné [26], em Delfos, Diógenes mandou gravar a inscrição: “Oferecimento da incontinência grega”. Certa vez, Alexandre o encontrou e exclamou: “Sou Alexandre, o grande rei”; “E eu”, disse ele, “sou Diógenes, o cão”. Perguntaram-lhe o que havia feito para ser chamado de cão, e a resposta foi: “Abano a cauda para quem me oferta qualquer coisa, ladro para os que recusam e mordo os patifes”.
Diógenes estava colhendo figos, e o guardião do local disse-lhe que, pouco tempo antes, alguém se enforcara naquela mesma árvore; “Então, vou purificá-la agora”, respondeu o filósofo. Vendo um vencedor olímpico dirigir olhares insistentes a uma cortesã, ele comentou: “Eis um carneiro cheio de ardor combativo conduzido pelo pescoço por uma menininha vulgar”. O filósofo comparava as belas cortesãs a poções mortais de mel. Enquanto ele fazia a primeira refeição na praça do mercado, os circunstantes repetiam: “Cão!”, e Diógenes dizia: “Cães são vocês, que ficam à minha volta enquanto faço a minha refeição!”. Dois homens efeminados tentavam evitá-lo, mas o filósofo lhes gritou: “Não se acovardem, um cão não gosta de acelga!”. Perguntaram-lhe de onde era um menino que se prostituía, e a resposta foi: “De Tegéia [27]”.
Vendo um lutador estúpido que praticava a medicina, disse-lhe: “Que significa isto? Quer mandar para o outro mundo os que o vencem nas competições?”. Em outra ocasião, Diógenes viu o filho de uma cortesã lançar pedras contra a multidão e gritou: “Cuidado para não atingir seu pai!”. A um menino que lhe mostrava um punhal recebido de seu amante, o filósofo lhe disse: “Um belo punhal com um cabo infame!”. Quando algumas pessoas elogiavam alguém que lhe deu uma coisa qualquer, Diógenes comentou: “E não louvam a mim, que mereci recebê-la?”. A alguém que lhe pediu a restituição do manto, respondeu: “Se o manto me foi dado, é meu; se me foi emprestado, ainda estou usando”. Dizendo-lhe um suposto filho que tinha ouro em sua roupa, Diógenes retrucou: “É verdade, e é por isso que eu também durmo sobre o manto, supondo que ele é meu”. Perguntaram-lhe o que ganhava com a filosofia, e a resposta foi: “No mínimo, estar preparado para enfrentar todas as adversidades”. Quando interrogado sobre qual era a sua pátria, respondeu: “Sou um cidadão do mundo [28]”. Vendo um casal oferecer um sacrifício aos deuses para ter um filho, Diógenes disse: “Mas não sacrificaram antes pra saber que tipo de pessoa ele vai ser?”. Certa vez, pediram-lhe uma contribuição para uma associação, e ele disse ao presidente: “Despoje os demais, porém, conserve as mãos longe de Heitor [29]”. Diógenes definia as cortesãs como rainhas dos reis, pois dizia que os reis fazem tudo o que elas querem. Quando os atenienses conferiram por lei o título de “Dionísio” a Alexandre, o Grande, Diógenes propôs: “Façam de mim ‘Sárapis [30]’”. A quem o censurava por ir a lugares sujos, ele respondia: “O sol também penetra nas latrinas, mas não é contaminado”.
Enquanto jantava num templo, foram-lhe servidos pães com impurezas; Diógenes os apanhou e jogou fora, dizendo que nada impuro deve entrar no templo. A alguém que lhe falou: “Você não sabe coisa alguma e se faz de filósofo”, sua resposta foi: “Aspirar à sabedoria também é filosofar”. Alguém lhe trouxe o filho para ser educado, dizendo-lhe que era muito bem dotado e tinha ótimos costumes; “Para que, então, ele precisa de mim?”, ponderou Diógenes. Comparava a uma cítara as pessoas que falam coisas excelentes, mas não as praticam, pois a cítara, à semelhança de tais pessoas, nada ouve e nada percebe. Ele entrava no teatro encontrando frente a frente os espectadores que saíam, e quando lhe perguntaram por que, respondeu: “É isso que procuro fazer em toda a minha vida”.
Vendo um jovem efeminado, Diógenes lhe disse: “Não se envergonha por decidir ser pior para si mesmo que a natureza? Ela o faz homem e quer ser mulher à força”. Vendo um tolo que tentava afinar uma lira, disse-lhe: “Você, que afina o som de um objeto de madeira, não se envergonha de não afinar a sua alma à vida?”. A alguém que lhe declarou: “Não tenho inclinação para a filosofia”, Diógenes disse: “Por que você vive, se não cuida de viver bem?”. A um filho que desprezava os pais, suas palavras foram: “Não se envergonha de desprezar aqueles a quem deve o fato de se considerar tanto?”. Vendo um jovem bem apessoado que falava mal, seu comentário foi: “Não se envergonha de sacar uma espada de chumbo de uma bainha de marfim?”.
Ao ser censurado por estar bebendo numa taverna, o filósofo replicou: “Também corto o cabelo numa barbearia”. Criticado por aceitar um manto de Antípatro, sua resposta foi: “Não devemos desprezar os dons magníficos dos deuses [31]”. Alguém o atingiu primeiro com uma trave e depois disse: “Atenção!”; após ter esbordoado essa pessoa, Diógenes exclamou: “Atenção!”. A alguém que tentava insistentemente obter os favores de uma cortesã, suas palavras foram: “Por que, infeliz, você quer ter o que é melhor não ter?”. A certa pessoa que passava óleo perfumado nos cabelos, Diógenes disse: “Cuidado para que o perfume de sua cabeça não faça a sua vida cheirar mal!”. Ele dizia que os homens vis obedecem às suas paixões da mesma forma que os escravos obedecem a seus senhores.
A alguém que lhe perguntou por que os escravos se chamam andrápodas, sua resposta foi: “Porque têm os pés de homens [32], mas têm a alma como a sua, que me faz essa pergunta”. O filósofo pediu certa vez uma mina a um devasso, que lhe perguntou por que pedia dos outros apenas centavos, e dele, uma mina; Diógenes respondeu: “Porque espero receber dos outros novamente, porém, só Deus sabe se jamais receberei outra esmola sua”. Alguém o censurou por pedir, enquanto Platão não pedia; Diógenes disse: “Ele também pede, mas aproximando a cabeça, para que os outros não ouçam [33]”. Vendo um arqueiro inábil, Diógenes sentou-se perto do alvo, dizendo: “É para não ser atingido”. Ele dizia que os amantes derivam seus prazeres do próprio infortúnio.
A alguém que lhe perguntou se a morte era um mal, sua resposta foi: “Como poderia ser um mal, se, quando está presente, não a percebemos mais?”. Em certa ocasião, Alexandre, o Grande, ficou à sua frente e perguntou-lhe: “Não tem medo de mim?” Sua resposta foi: “O que você é, um bem ou um mal?” Alexandre respondeu: “Um bem”. Então, Diógenes concluiu: “E quem teme um bem?”. Em sua opinião, a educação é moderação para os jovens, consolo para os velhos, riqueza para os pobres e um enfeite para os ricos. Ao adúltero Dídimo, que certa vez medicava o olho de uma menina, ele disse: “Ao curar o olho da menina, tenha cuidado para não prejudicar a menina dos olhos”. Dizendo-lhe alguém que os amigos estavam tramando contra ele, sua resposta foi: “Que se pode fazer, se devemos tratar os amigos e inimigos de maneira idêntica?”.
A alguém que lhe perguntou qual era a coisa mais bela entre os homens, esse filósofo respondeu: “A liberdade de palavra”. Entrando numa escola, Diógenes viu muitas estátuas das Musas e poucos alunos, e disse: “Se contar os deuses, mestre, você tem muitos alunos”. Ele costumava fazer tudo em público, inclusive os trabalhos de Deméter e de Afrodite [34], e se justificava com os seguintes argumentos: “Se fazer as refeições não é absurdo, então não é absurdo fazê-las na praça do mercado”. Atribuíram-lhe numerosos outros ditos, cuja transcrição seria excessivamente longa.
Diógenes dizia que há dois tipos de exercício: o espiritual e o físico. Na prática constante do exercício físico, formam-se percepções que tornam mais diligente a prática da excelência. O exercício físico e o espiritual se integram e se completam. As condições físicas satisfatórias e o vigor são elementos fundamentais para a saúde da alma e do corpo. Aduzia provas para demonstrar que o exercício físico contribui para a conquista da excelência. Observava que tanto os artesãos humildes como os grandes artistas adquiriam habilidade notável graças ao exercício constante de sua arte, e que os flautistas e os atletas deviam sua superioridade a uma dedicação assídua e fatigante. E, se estes transferissem seus esforços para o aprimoramento da alma, tais esforços não seriam inúteis nem destituídos de objetivo.
Com efeito, nada na vida se pode obter sem exercício, e este é capaz de sobrepor-se a todos os obstáculos. Eliminados, então, os esforços inúteis, o homem que escolhe os esforços requeridos pela natureza vive feliz. A falta de discernimento para perceber os esforços necessários é a causa da infelicidade humana. O próprio desprezo do prazer, para quem está habituado, é sumamente agradável. E, da mesma forma que as pessoas habituadas a viver em meio aos prazeres passam relutantes a um modo de viver oposto, aqueles que se exercitam de maneira contrária desprezam com maior naturalidade os próprios prazeres. Eram estes os seus preceitos, e por eles Diógenes moldou sua vida. De fato, ele adulterou a moeda corrente porque atribuía importância menor às prescrições das leis do que às da natureza, e afirmava que sua maneira de viver era a mesma que a de Hércules, que preferia a liberdade a tudo mais.
Diógenes sustentava que tudo pertence ao sábio, e demonstrava a veracidade de sua asserção com os seguintes argumentos, já mencionados acima: tudo pertence aos deuses; os deuses são amigos dos sábios; os bens dos amigos são comuns; logo, tudo pertence aos sábios. Em relação às leis, segundo Diógenes, não é possível a existência de um Estado sem elas. Esse filósofo afirma que, sem uma cidade, a própria civilização não tem utilidade alguma; a cidade é uma comunidade civilizada e organizada; sem a cidade, as leis não têm utilidade; logo, a lei é a civilização. Diógenes ridicularizava a nobreza de nascimento, a fama e similares, chamando-as de ornamento ostentatório do vício. A única forma de governo correta, dizia ele, é a que vigora no universo. Defendia a comunidade das mulheres, e não reconhecia outro casamento além da união do homem que persuade com a mulher que se deixa persuadir. Conseqüentemente, os filhos devem ser também comuns.
Diógenes nada via de estranho em roubar qualquer coisa de um templo ou em comer a carne de qualquer animal, nem via qualquer impiedade em comer a carne humana, como se evidencia que faziam alguns povos estrangeiros. De acordo com a reta razão, ele dizia que todos os elementos estão contidos em todas as coisas e impregnam todas as coisas [35]; sendo assim, no pão há carne e nas verduras há pão; e todos os outros corpos, por meio de certos condutos e partículas invisíveis, também encontram o seu caminho para todas as substâncias e se unem a elas sob a forma de vapor, como o filósofo esclarece no Tiestes (se as tragédias forem suas, e não de seu amigo Filisco de Égina ou de Pasífon da Lícia, que as teria composto após a morte de Diógenes, como afirma Favorino em suas Histórias Variadas). Diógenes sustentava que não devemos dar importância à música, à geometria, à astronomia e estudos semelhantes, por serem inúteis e desnecessários.
Diógenes era extraordinariamente rápido para responder a perguntas que lhe eram feitas, como evidenciam os exemplos que demos acima. Além disso, quando foi vendido como escravo, demonstrou uma altiva nobreza e extraordinária perseverança. Com efeito, em uma viagem à Égina, ele foi capturado por piratas sob o comando de Esquírpalos, levado para Creta e exposto à venda. Perguntando-lhe o pregoeiro o que ele sabia fazer, Diógenes respondeu: “Comandar homens”. Em seguida, apontou para um cidadão de Corinto, que vestia um manto debruado de púrpura, e disse: “Venda-me a este homem; ele precisa de um senhor”. Xeníades realmente o comprou e o levou para Corinto, onde lhe confiou a educação dos filhos e a administração doméstica. Em todos os detalhes, Diógenes mostrou-se um administrador de tal maneira eficiente que seu senhor dizia por onde passava: “Um gênio bom entrou em minha casa”.
Em sua obra intitulada Pedagógico, Cleômenes afirma que os amigos queriam resgatá-lo, e por isso ele os chamou de tolos; de fato, disse o filósofo, os leões não são escravos de quem os alimenta, quem os alimenta é escravo dos leões; pois o escravo é que tem medo, ao passo que as feras amedrontam os homens. Diógenes possuía o dom maravilhoso de persuadir, de tal maneira que seus argumentos prevaleciam sobre os de qualquer pessoa. Conta-se a esse respeito que um certo Onesícrito de Égina, que tinha dois filhos, mandou um deles, Andróstenes, a Atenas; este, após ouvir as lições de Diógenes, passou a viver naquela cidade. Então, o pai mandou o outro filho, que era o mais velho – o já mencionado Filisco – à procura do primeiro, porém, Filisco permaneceu igualmente em Atenas. Finalmente, em terceiro lugar, o próprio pai juntou-se aos dois filhos e dedicou-se à filosofia com eles, tão forte era o fascínio exercido por Diógenes com suas palavras.
Ouviram também as lições Fócio, cognominado o Honesto, e Estílpon de Mégara, além de muitos outros políticos. Dizem que Diógenes morreu aproximadamente aos noventa anos de idade. Circulam diversas versões acerca de sua morte. Uma diz que, após haver comido um polvo cru, ele contraiu cólera e morreu. Segundo outra versão, esse filósofo morreu voluntariamente, prendendo a respiração. Essa versão aparece também em Cércidas de Megalópolis, que se exprime da seguinte maneira em seus Meliambos:
Já não existe ele, que foi cidadão de Sínope,
famoso por seu bastão
pelo manto dobrado e por viver ao ar livre;
foi para o céu, apertando os lábios contra os dentes
e prendendo a respiração,
tendo sido um verdadeiro Diós genés [36], o cão do céu.
Circulava ainda outra versão segundo a qual Diógenes, enquanto tentava dividir um polvo com os cães, foi mordido no tendão do pé por um deles e morreu. Segundo Antístenes, na Sucessão dos Filósofos, seus amigos acreditavam que ele tivesse morrido voluntariamente prendendo a respiração. Ele costumava ficar no Crânion, o ginásio situado nas imediações de Corinto. Em certa ocasião, como de costume, chegando ao local, os amigos o encontraram todo envolto no manto e supuseram que dormisse, embora raramente se entregasse ao sono. Em seguida, levantaram-lhe o manto e verificaram que Diógenes já não respirava. Pensaram, por isso, que se tratasse de um ato deliberado para fugir, dessa maneira, ao que lhe restava da vida.
Segundo se conta, eclodiu então uma querela entre seus amigos para saber qual deles o sepultaria – dizem que eles foram ao extremo de esmurrar-se. Chegaram, em seguida, os pais desses amigos e outras pessoas influentes e o sepultaram perto da porta que leva ao Istmo. Sobre o túmulo foi posta uma coluna, em cujo topo havia um cão de mármore pário. Mais tarde, seus próprios concidadãos o homenagearam com estátuas de bronze, nas quais inscreveram os seguintes versos (Antologia Palatina, XVI, 334):
O próprio bronze envelhece com o tempo, mas tua
glória, ó Diógenes, nem toda a eternidade destruirá;
pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da
auto-suficiência na vida e a maneira mais fácil de viver.
Há também um epigrama nosso dedicado a ele, em metro proceleusmático (Antologia Palatina, VII, 116): A. Vem dizer-me, Diógenes: que destino te levou ao Hades? B. Arrebatou-me o dente selvagem de um cão.
Alguns autores, entretanto, relatam que, ao morrer, Diógenes deixou instruções para que o lançassem insepulto em qualquer lugar, a fim de que todos os animais selvagens pudessem devorá-lo, ou para que o jogassem numa vala e o recobrissem com um pouco de pó. Mas, segundo outros autores, suas instruções foram no sentido de o lançarem no rio Ilisso, para que pudesse ser útil a seus irmãos. Em sua obra Homônimos, Demétrio afirma que Diógenes morreu no mesmo dia em que Alexandre, o Grande, morreu na Babilônia. O filósofo já era velho na 113.ª Olimpíada (324-321 a.C.).
Atribuem-se a Diógenes as seguintes obras: Cefálion, Íctias, A Gralha, Pôrdalos, O Povo Ateniense, A República, A Arte da Ética, Sobre a Riqueza, Sobre o Amor, Teodoro, Hípsias, Aristarco, Sobre a Morte, Cartas. Sete tragédias: Helena, Tiestes, Hércules, Aquiles, Medéia, Crísipo e Édipo.
Sosícrates, no primeiro livro de suas Sucessões, e Sátiro, no quarto livro de suas Vidas, dizem que Diógenes nada escreveu, e Sátiro acrescenta que as tragédias medíocres são de autoria de seu amigo Filisco de Égina. Em seu sétimo livro, Socíon atribui a Diógenes somente as seguintes obras: Sobre a Excelência, Sobre o Bem, Sobre o Amor, O Mendigo, Corajoso, Pôrdalos, Cassandro, Cafálion, Filisco, Aristarco, Sísifo, Ganimedes, Anedotas e Cartas.
Houve cinco personagens com o nome Diógenes. O primeiro, de Apolônia, filósofo naturalista. O início de seu tratado é o seguinte: “No preâmbulo de qualquer discurso, parece-me necessário estabelecer-se um princípio irrefutável”. O segundo, de Sicíone, autor de uma História do Peloponeso. O terceiro, o filósofo de quem estamos tratando. O quarto, um filósofo estóico nascido em Selêucia, conhecido também como o Babilônio, porque Selêucia está situada nas proximidades da Babilônia. O quinto, de Tarso, autor de uma obra sobre problemas poéticos, que procura resolver.
No oitavo livro de seus Passeios Filosóficos, Atenodoro diz que nosso filósofo tinha a pele sempre brilhante porque costumava usar unguentos.
Extraído e adaptado de: LAÉRCIO, Diógenes. Vidas dos Filósofos Ilustres. Livro VI (Escola cínica), 20-81 (Diógenes).
Notas:
[24] Comandante macedônio, um dos melhores soldados do exército de
[25] Jogo de palavras: Quíron = nome de um centauro sábio, e também significa “pior”; Eurítion = nome de um centauro beberrão.
[26] Cortesã que se tornou muito próspera por suas atividades, sendo mesmo amante de homens afamados.
[27] Cidade grega; tegos = “prostíbulo”.
[28] Ou um “cosmopolita”.
[29] Verso supostamente de Homero, que não consta do texto conservado do poeta.
[30] Divindade egípcia representada com a cabeça de um cão.
[31] Ilíada, de Homero, cap. III, v. 65.
[32] Podas andron = “Pés de homens”.
[33] Ilíada, de Homero, cap. I, v. 157 e cap. IV, v. 70.
[34] Ou seja, comer e copular.
[35] Esta idéia de que “tudo está em tudo”, devido ao universo ser composto por homeomerias, pertence a Anaxágoras de Clazômena (séc. V a.C.).
[36] O nome Diógenes significa “nascido de Zeus”, “gerado de Deus”.
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